Entendo as razões de o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), estar inseguro sobre seus rumos nessa campanha eleitoral. Afinal, avalio que Raul fez um bom governo, nada revolucionário, que transformaria a história do Tocantins, como as lideranças petistas e o próprio prefeito prometeram, mas foi, sim, um bom governo. Porém, Raul não conseguiu fazer com que a sociedade entendesse a performance de sua gestão. Houve erros? Muitos, não foram poucos. Normal. De toda forma, a sociedade, em sua maioria (conforme pesquisas), não entende a gestão petista como boa e a reprova.

Se olhar apenas para os números das pesquisas de opinião pública, Raul não disputará as eleições de 2008. Ele mesmo disse ao programa "Politicando", da TVCT, que não adianta querer ser candidato se a sociedade, em sua maioria, não aprovar sua administração. E a sociedade não só não aprova seu governo, como, boa parte dela, diz que não votará em Raul de jeito nenhum.

Mas Raul não poderá olhar apenas para os números das pesquisas. Terá que olhar para os lados e ver os companheiros dele, que estão na expectativa e pressionando o prefeito a declarar sua candidatura. Sem a candidatura de Raul, a situação de suas lideranças será terrível. O PT tem três vereadores na Câmara - Alberto "Gordo", Hilton Faria e Ivory de Lira -, um suplente - Mauro Mota -, crente que desta vez vai, e outros nomes que podem surpreender - é o que prometem o ex-chefe de gabinete e ex-secretário de Saúde de Raul, o dentista Gustavo Coelho, o líder do movimento por moradias Bismarque Roberto, além daqueles aliados de outros partidos, como o ex-secretário de Assistência Social Deocleciano Gomes (PPS), entre outros.

Caso Raul decida não ser candidato, haveria, então, duas possibilidades. A primeira seria o partido se aliar a um outro candidato simpático ao grupo do petista. A segunda lançar o que meu amigo Dante Póvoa chama de um "Zé Bedeu" qualquer, só para tentar eleger vereadores.

No primeiro caso, de se aliar a algum candidato, as perspectivas não são nada animadoras. Imagine se o candidato do governador Marcelo Miranda (PMDB), com quem o PT tem boas relações, for a deputada federal Nilmar Ruiz (DEM). Dá para imaginar Hilton, Ivory e Gordo no palanque de Nilmar, pedindo votos para eles e para ela? Nunca. Nem aqui, nem na China.

A situação ficaria um pouco melhor se o candidato for o deputado estadual Eli Borges (PMDB), que, obviamente, não vai dispensar o apoio de ninguém, mas o cenário seria totalmente desconfortável para os petistas, principalmente sabendo que Eli, digamos, não é muito chegado a Raul. De toda forma, seria uma saída.

O PT apoiaria, então, a candidatura do deputado estadual Marcello Lelis (PV), pela União do Tocantins? Algo também impensável. Mas, como em política é tudo possível, vai ver... Mas os petistas seriam um vizinho inconveniente na coligação utista.

O outro caso, o de lançar um "Zé Bedeu" qualquer, não empolgaria a militância. Jogaria todos para baixo e isso se refletiria na campanha dos candidatos a vereador do PT. É vereador que puxa voto para o candidato a prefeito, é verdade. Mas um candidato forte a prefeito também ajuda a empurrar votos para os vereadores. O Raul de 2004 é um bom exemplo.

Assim, não restará outra saída a Raul que não seja lançar sua candidatura à reeleição, apostando ainda haver possibilidade de conseguir provar para a sociedade que seu governo não foi de todo ruim. O prefeito também poderá apostar no apoio dos ministros e lideranças nacionais petistas em seu palanque, o que é importante, mas não decisivo.

De toda forma, Raul está num beco quase que sem saída: ou seu partido se agrega na corona de outra candidatura que já está na rua - e seus candidatos a vereadores serão encarados assim mesmo: como agregados; ou lança um "Zé Bedeu" só para tentar alavancar seus vereadores - uma alternativa pouco empolgante; ou assume que é candidato, já que seu nome, com todo o desgaste que tem, é muito mais forte do qualquer "Zé Bedeu" petista.

Nesse último caso, Raul poderá ficar como Judas em Sábado de Aleluia, sendo malhado de tudo quanto é lado, perder, talvez até feio, a eleição, mas com a chance de colocar de volta na Câmara um ou dois vereadores do PT.

Bom, vamos esperar até quinta-feira, 5. Nesses dias o prefeito, segundo ele mesmo tem dito, anunciará o seu veredicto.