Lisandra Paraguassú
Brasília (AE)
A cada dia de 2007, pelo menos 7,4 mil pessoas no mundo foram infectadas pelo vírus da aids. Praticamente todas elas em países pobres, e a metade, jovens entre 15 e 24 anos. Os números, divulgados ontem pelo Programa das Nações Unidas para Aids (Unaids) são comemorados por representarem uma pequena queda nos casos em comparação com anos anteriores. Mas a epidemia, que já contaminou 33 milhões de pessoas no mundo, continua com a mesma face: atingindo cada vez mais pobres e cada vez mais jovens.
Desde 2001, o número de novos casos por ano caiu cerca de 10%. Foram 3,1 milhões de infecções naquele ano contra 2,7 milhões em 2007. “Há o que comemorar na redução do avanço da epidemia, mas ainda há muito pelo quê lutar. A maior parte das metas, especialmente relativas ao tratamento, não foram alcançadas”, diz o representante da Unaids no Brasil, Pedro Chequer.Continua sendo na África Subsaariana - a região mais pobre do mundo - a maior parte das pessoas com HIV. Entre os novos casos, 1,9 milhão foram registrados naquela área. Cerca de 6% da população da região está contaminada.
Em alguns países africanos, como a Suazilândia, a prevalência chega a 23% da população de 15 a 24 anos. Mesmo na África do Sul, o país com melhores condições de vida da região, 17% da população nessa faixa etária tem o vírus. O número de mortes causadas pela doença também caiu um pouco: de 2,1 milhões em 2006 para 2 milhões em 2007. Reflexo, diz a Unaids, do aumento no número de pessoas sendo atendidas por terapias anti-retrovirais. Atualmente, cerca de 3 milhões de pessoas recebem os medicamentos em todo o mundo. Apesar do aumento de 45% no atendimento na África Subsaariana, ainda assim ele representa no mundo apenas 31% do necessário.
América
Na América Latina, onde 0,6% da população tem o vírus HIV, 390 mil pessoas são atendidas, 62% do necessário. Desse total, cerca de 180 mil são brasileiros. Fora o Brasil - pioneiro no atendimento universal no mundo -, apenas México, Argentina, Cuba, Chile e Uruguai têm programas que podem ser considerados universais.
No Brasil, a epidemia de aids está estabilizada em cerca de 30 mil novos casos por ano desde 2000. De acordo com Eduardo Cunha, coordenador-adjunto do programa de DST/Aids do Ministério da Saúde, o número é alto, mas tem mostrado uma tendência de queda. O País tem o que a Unaids considera uma epidemia concentrada, que afeta menos de 1% da população e ainda está concentrada nas populações mais vulneráveis.
Estados unidos
O Senado dos EUA aprovou o fim da proibição à entrada de portadores do HIV no País, medida adotada também por outras 11 nações no mundo e considerada ofensiva à legislação internacional de direitos humanos, que veda a discriminação em razão de doença.
A proposta, referendada na última quarta-feira, ainda terá de passar pelo crivo do presidente norte-americano, George W. Bush, mas a Casa Branca deverá ser favorável à medida, uma vez que o presidente já manifestou, há dois anos, ser favorável à mudança da lei.
Números / Mundo |
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Em 2007 2 milhões de pessoas morreram de Aids. Em 2008 7.400 pessoas são infectadas diariamente pela Aids, 45% delas têm entre 15 e 24 anos. Em 2002, apenas 250 mil pessoas tinham acesso aos medicamentos. Já em 2007, o número subiu para mais de três 3 milhões. Também 67% das pessoas infectadas com Aids no mundo residem em países da região sul da África. De todos os novos casos registrados no ano passado, aproximadamente 1,9 milhão foram nesses países. |