A ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu disse que foi transformada em "bode expiatório" para mascarar problemas no sistema aéreo brasileiro. Denise Abreu está sendo ouvida pela Comissão de Serviços de Infra-Estrutura do Senado, na manhã desta quarta-feira (11), sobre as acusações que fez contra a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Ela acusa Dilma de ter feito pressão política sobre a agência para que fosse aceita a venda da VarigLog, e posteriormente da Varig, para o fundo norte-americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros. Segundo Denise, o fundo teria mais de 20% do capital, o que é proibido pela lei brasileira.
"Fui transformada em bode expiatório para blindar problemas gravíssimos que existiam no sistema", disse, ressaltando que estava refutando qualquer tentativa de reavivar os momentos em que, segundo ela, teria sido responsabilizada pela crise.
Ao chegar ao Senado, Denise Abreu disse que estava tranqüila e que vai comprovar com documentos as acusações que fez. Denise Abreu veio escoltada por seguranças do hotel em que está hospedada até o Congresso. Logo em seguida, chegou ao Senado uma mala que conteria a farta documentação.
Na audiência pública, a ex-diretora disse que o governo arquitetou a saída da diretoria da agência reguladora. "Demorei a compreender as verdadeiras razões que levaram o governo a arquitetar a renúncia de todos os diretores da Anac. Primeiro tentaram me convencer que seria uma trama da Aeronáutica. Creio que não é verdade", declarou Denise, ressaltando que sempre teve relacionamento respeitoso com a Aeronáutica. Ela fez um elogio público ao comandante da Aeronáutica, Juniti Saito.
A ex-diretora também afirmou que demorou nove meses para tomar a decisão de falar sobre o caso. E faz várias menções aos familiares. "Gestei nove meses a decisão de falar e me preparei para trazer à tona as informações sobre o caso VarigLog", afirmou, ressaltando que acompanhou, durante esse período, problemas de saúde dos pais.
Dossiê falso
Em sua explanação inicial, Denise Abreu refutou as acusações de que teria contas no exterior. Disse que é falso o dossiê que teria sido elaborado em agosto de 2007 e chegou à casa da mãe dela em novembro, dois meses e meio após a renúncia dela.
A ex-diretora confirmou ter procurado parlamentares para relatar o caso. "Sempre estive decidida a falar sobre o tumulto do caso VarigLog. Procurei sim o senadores Sérgio Guerra e Tasso Jereissati. Esse dossiê era falso, relatava a existência de contas bancárias no Uruguai com remessa de dinheiro a Luxemburgo e a existência de dois cartões de crédito. Jamais tive essas contas nem esses cartões".