A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) negou nesta quarta-feira, durante depoimento à Comissão de Infra-Estrutura do Senado, que a Casa Civil tenha preparado um dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) com cartões corporativos e as chamadas "contas B".
Dilma reiterou que a Casa Civil apenas montou um "banco de dados" com informações sobre o suprimento de fundos do governo depois que o TCU (Tribunal de Contas da União) considerou insatisfatório o modelo anterior de controle de gastos.
"Não há dossiê, o que há, o que existe e está à disposição da própria CPI [dos Cartões Corporativos] são dados, todos os dados, relativos ao período de cartões corporativos e suprimentos de fundos. (...) O banco de dados não tem nada demais. O TCU fez uma reclamação criticando a metodologia da Casa Civil e do governo, pediu para a gente tornar mais transparente e moderno. Qual a forma de fazer isso? É por meio da informática", justificou.
Dilma admitiu, porém, que houve vazamento de informações sigilosas da Casa Civil --que segundo a oposição resultaram na confecção do dossiê-- referentes aos gastos da gestão FHC. "Consideramos que foram vazadas informações absolutamente privativas da Casa Civil. Está sob investigação quem vazou, porque vazou isto. Não há dossiê, há banco de dados, por isso temos que investigar quem vazou. E quem vazou usou prerrogativa que é da Casa Civil, com o vazamento indevido", enfatizou.
A ministra disse que o Congresso Nacional foi informado sobre a montagem do dossiê em 2005, quando o governo respondeu a questionamento do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) sobre os gastos de alguns ministros.
"A Casa Civil, na época, respondeu para o senador que a Presidência da República aderiu ao cartão corporativo só no dia 13 de março de 2002, e que não havia gastos com suprimentos de fundos com os cartões. Mas que havia outros gastos com suprimento de fundos. E que esses gastos estavam sendo objeto de banco de dados confeccionado pela Casa Civil", afirmou.
Dilma disse que, no ofício a Virgílio, explicou que seria trabalhoso montar o banco de dados com gastos entre 1995 e 2002 porque as despesas sigilosas e abertas estavam reunidas.
"Está claro em todas as respostas que havia uma intenção da Casa Civil de alimentar os dados dos períodos anteriores de 2003. A quantidade de serviços, por ter que olhar processo a processo, exigia mais tempo. Nós também fazíamos misturados e fomos separando. Com a chegada do cartão, mudamos completamente a forma de organizar os dados", disse a ministra.
Virgílio afirmou, porém, que na época recebeu somente informações "vagas" da Casa Civil sem que o órgão deixasse claro que havia um banco de dados em elaboração pelo governo. "Os dados que solicitei foram para as mãos até de vazadores, mas não do senador requerente", reagiu o tucano.