O governo federal vai recorrer da decisão da Justiça Federal que determinou ontem a retirada das tropas do Exército do morro da Providência, no Rio de Janeiro.
No início da noite de quarta-feira (18), a juíza Regina Coeli Medeiros, da 18ª Vara Federal, determinou a saída da tropa do morro e indicou sua substituição por efetivo da Força Nacional de Segurança.
A assessoria de comunicação do Ministério da Defesa confirmou ao UOL que
o ministro Nelson Jobim conversou com o ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), José Antonio Dias Toffoli, para definir os detalhes do recurso que será apresentado pela Procuradoria Região da União no Rio de Janeiro.
Até às 12h30 de hoje, o Ministério da Defesa ainda não havia sido notificado sobre a decisão judicial. Segundo a Justiça, isso deverá ocorrer ainda nesta quinta-feira, mas não há previsão de horário. Enquanto a notificação não vem, o Exército permanece na Providência.
Segurança do PAC
Este ano, efetivos do Exército foram destacados para garantir a segurança de obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) em favelas do Rio. Sua presença e atuação vêm sendo duramente questionadas depois que, na segunda-feira (16), 11 militares foram presos sob suspeita de participação na morte de três rapazes do morro da Providência.
Os militares confessaram, segundo a polícia, que entregaram os jovens a traficantes do morro da Mineira, controlado pelo CV (Comando Vermelho), facção rival da ADA (Amigos dos Amigos), que domina a Providência. Os três foram mortos e seus corpos jogados em um lixão em Gramacho, Duque de Caxias. Segundo divulgou o IML, os jovens foram mortos com 46 tiros.
Investigações
O inquérito da 4ª Delegacia de Polícia do Rio (Central) sobre o caso deve ser finalizado ainda hoje. É aguardado para esta quinta-feira também a decisão da Justiça Militar a respeito do pedido formulado pelo Ministério Público Militar de prisão preventiva de 4 dos 11 militares apontados de envolvimento no caso.
O Ministério Público Militar pede a prisão do tenente Vinícius Ghidetti --apontado pela Polícia Civil como o mandante da entrega dos jovens aos traficantes--, o sargento Leandro Bueno e os soldados José Ricardo Rodrigues Araújo e Fabiano Eloi dos Santos. Eles fazem parte do grupo de 11 militares detidos desde segunda-feira (16), quando a Justiça comum determinou a prisão deles.