Da Redação
O governador Marcelo Miranda (PMDB) afirmou que o concurso público para o quadro geral do Estado será realizado "no momento certo". Marcelo disse, após assinar a demissão e contratação dos comissionados, que já determinou à Casa Civil, à Procuradoria-Geral do Estado e à Secretaria Estadual de Administração a realização do concurso. "Até o final do ano vamos fazer o concurso", garantiu o governador.
Segundo ele, a realização do concurso público "é a melhor saída" para a questão dos servidores comissionados. "E é o meu desejo também", disse Marcelo aos jornalistas.
O governador autorizou a realização de concurso público para os cargos do quadro geral do Poder Executivo e do quadro dos profissionais da saúde em outubro do ano passado. O decreto do Executivo foi publicado no Diário Oficial no dia 16 daquele mês. No mesmo dia da autorização, o governador nomeou a comissão organizadora do certame. A comissão era presidida por Cláudia Soares Bonfim e tinha como demais membros Rosanna Medeiros Ferreira Albuquerque e Denise Beltrame da Silva. Porém, apesar das cobranças da imprensa, o concurso até agora não foi realizado.
O jornal
Folha de S.Paulo divulgou, também em outubro, que, no período de 2002 e 2006, o Tocantins ampliou sua arrecadação tributária em 90,7%, mas os gastos com a folha de pagamento cresceram 117,4%. Segundo a
Folha de S.Paulo, o Tocantins ocupa o quinto lugar dos Estados que mais gastam com pessoal. O jornal veiculou que os Estados menores e mais pobres ultrapassaram 90% de taxa de crescimento, enquanto que o governo federal e Estados como São Paulo e Minas Gerais não chegaram a 78%.
Gastos x investimentoO deputado estadual Raimundo Moreira (PSDB), ainda em outubro, disse que a situação do Estado era "muito grave". “A folha de pagamento do Executivo cresce no decorrer dos anos, porém, os investimentos diminuíram 14,21% no período de 2003 a 2007”, explicou. A despesa do Poder Executivo com recursos humanos nos primeiros quatro meses de 2007, conforme Moreira, foi de 45,39%, percentual que já se aproxima do limite prudencial previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
O tema foi debatido no dia 13 de setembro de 2007 na Comissão de Fiscalização, Controle e Tributação da Assembléia Legislativa, com a presença do secretário estadual de Planejamento, José Augusto Pires Paula.
Moreira apresentou nessa reunião uma tabela que demonstra a relação entre investimentos e despesas com pessoal no período de 2003 a 2007. Em 2003, segundo a tabela, 35,48% da receita foi utilizada para investimentos, enquanto 33,98% em pessoal e encargos. No seguinte, 2004, a folha de pessoal consumiu 36,75% e foram investidos 31,54%. Já em 2005, foram utilizados para recursos humanos 35,72% e para investimentos 27,83%. No ano passado, foram utilizados para a folha de pagamento 42,8% da receita do Estado e apenas 22,16% para investimentos. No primeiro quadrimestre deste ano, conforme apresentado pelo secretário de Planejamento, a folha continuou a subir, chegando a 45,39%, ficando a 1,16% do limite prudencial.
Demissões x LRFNessa reunião do dia 13 de setembro, o secretário Pires Paula admitiu que “a luz amarela” do governo acendeu em relação às despesas com folha de pagamento. “Caso seja necessária para cumprir-se a LRF haverá demissões de servidores do Estado”, disse na época.
O secretário explicou, no encontro com os deputados, que as nomeações e contratações gradualmente têm que ser extintas e a solução para diminuir o índice das despesas com pessoal é a revisão da estrutura e realização de concurso público.
“Quando o deputado me pergunta se o governo vai demitir, eu digo com responsabilidade”, afirmou José Augusto Pires Paula. Para ele, caso seja preciso, tendo em vista o cumprimento da LRF, acontecerão demissões. “A LRF foi criada para controlar os gastos dos governos e, se for necessário para cumprir a lei, haverá demissões”, disse o secretário do Planejamento.
Comissionados por concursadosA Secretaria Estadual de Administração (Secad) afirmou, também na época, em nota ao Portal CT, que trocaria servidores exclusivamente comissionados por servidores concursados. A Assessoria de Comunicação da Secad disse que a intenção do governo não era aumentar a folha de pagamento, “mas trocar cargos exclusivamente comissionados por cargos concursados, desta forma, dando oportunidade também aos ocupantes de cargos exclusivamente comissionados”.
Limite prudencialA preocupação em manter as despesas com pessoal dentro do limite prudencial exibido pela LRF é porque caso o Executivo ultrapasse o índice será penalizado. O artigo 22 da LRF regulamenta que ao exceder o limite prudencial são vedados ao poder público ou órgão: aumento, reajuste ou adequação de remuneração; criação de cargo, emprego ou função; alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; admissão ou contratação de pessoal a qualquer título; e, contratação de hora extra.
(Com informações de Aline Sêne/Portal CT)Distribuição das depesas, em porcentagem, com pessoal e investimentos no período de 2003 a 2007: