Os níveis de analfabetismo do eleitorado tocantinense apresentados em levantamento feito pelo Portal CT a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foram comentados pelo professor Damião Rocha, pedagogo, mestre em Educação Brasileira e doutorando em Educação. Em entrevista concedida à TVCT, ele explicou uma diferença entre os chamados analfabetos e analfabetos funcionais e afirma que fazer com que os cidadãos consigam interpretar aquilo que lêem é um desafio para a educação brasileira.
Damião comenta ainda que a relação entre educação e política partidária, em alguns municípios, é muito estreita. Muitos candidatos acabam, segundo ele, “se beneficiado da pobreza cultural e se favorecendo com a interpretação que eles mesmos fazem”. Por essa razão, ele avalia que um cidadão que ó consegue assinar o nome não poderia ser considerado apto para o exercício do voto. Isso porque, para ele, esse analfabeto não teria capacidade de fazer uma leitura de conjuntura política e econômica.
Quanto aos números do analfabetismo no Tocantins, ele reforça que esta é uma situação preocupante, mas que reflete uma situação nacional. O pedagogo cita pesquisas que mostram que a cada quatro brasileiros, um sereia analfabeto funcional. “O Tocantins retrata essa realidade brasileira”, diz.
Como alternativas para solucionar esse problema ele afirma que são necessários alguns fatores: o acesso à escola pública de qualidade; a ampliação de vagas – que já estaria sendo feita há alguns anos ; e a melhoria na qualidade da educação.
Outro fator que considera essencial é o investimento na formação dos professores. Para ele, este é um grande desafio.
EntendaNo levantamento publicado pelo
Portal CT, mostrou que, em 23 municípios tocantinenses, mais da metade dos eleitores é analfabeta ou não freqüentou o sistema formal de ensino. O caso mais grave é o da cidade de Paranã, onde 67,62% dos eleitores são analfabetos ou analfabetos funcionais. Em cinco cidades, o analfabetismo atinge mais de 55% do eleitorado: Campos Lindos, Carrasco Bonito, Goiatins, Paranã, Praia Norte e Recursolândia.
Uma das cidades que tem maioria de eleitores analfabetos é Augustinópolis, município com mais de 10 mil eleitores e com grande força política no Estado e na região do Bico do Papagaio. Em Augustinópolis, 52, 76% dos eleitores são analfabetos, sendo que 15,8% não sabem ler nem escrever e 36,96% são analfabetos funcionais.
Outra cidade com força política, onde também a maioria dos votantes não sabe ler nem escrever ou é incapaz de interpretar os textos com os quais lida, é Arraias. Nessa cidade, 52,17% dos eleitores são analfabetos.
*Damião Rocha, pedagogo, mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal de Goiás e doutorando em Educação pela Universidade Federal da Bahia.