O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou nesta terça-feira o estabelecimento de uma força-tarefa das agências das Nações Unidas para apresentar soluções coordenadas para a crise provocada pelo forte aumento dos preços dos alimentos no mercado internacional.
"Nós consideramos que a dramática escalada nos preços dos alimentos se transformou em um desafio sem precedentes de proporções globais atingindo as pessoas mais vulneráveis, incluindo os pobres que vivem em centros urbanos", diz o comunicado da ONU.
Segundo Ban, o mundo enfrenta o risco de fome generalizada, problemas relacionados à má nutrição e distúrbios sociais.
O anúncio foi feito após uma reunião de dois dias em Berna, na Suíça, com representantes do Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP), do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), de outras 20 agências da ONU, além dos presidentes do Banco Mundial, Robert Zoellick, e da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy.
A força-tarefa irá estudar tanto medidas de emergência como de longo prazo para combater a crise causada pela alta acentuada no preço de alimentos como trigo e arroz. Os preços de alimentos como arroz, grãos, óleo e açúcar estão pelo menos 50% mais altos do que há um ano.
A correspondente da BBC em Berna Imogen Foulkes disse que o maior desafio é lidar com o problema no longo prazo - como promover agricultura sustentável, combater a mudança climática e, ao mesmo tempo, garantir que uma quantidade suficiente de alimentos seja produzida.
ImpactoA ONU estima que 100 milhões de pessoas já foram atingidas pela recente escalada no preço dos alimentos em todo o mundo, e o Programa Mundial de Alimentos diz que precisará de mais U$ 755 milhões neste ano para lidar com o número cada vez maior de pessoas que necessitam de ajuda.
O Banco Mundial anunciou que irá dobrar os empréstimos para a produção agrícola na África no próximo ano e disse que está considerando fornecer financimentos mais flexíveis e de forma mais rápida para países pobres.
Por outro lado, Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial alertou os países a evitarem medidas como a suspensão de exportações de alimentos, dizendo que a estocagem dos mesmos pode elevar ainda mais os preços.
Na Ásia, alguns países suspenderam exportações de arroz para garantir o suprimento da demanda interna.
O governo filipino deve lançar o "cartão do arroz" para possibilitar que famílias pobres comprem o produto pela metade do preço do mercado.
Na segunda-feira, a Malásia divulgou que vai subsidiar produtores domésticos para garantir que o arroz seja vendido por um preço acessível.
A alta dos preços dos alimentos e dos combustíveis provocou a queda do primeiro-ministro do Haiti, Jacques Edouard Alexis.