Aliados organizam festas para receber administradores municipais do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, soltos por decisão judicial, depois da prisão sob acusação de fraude com recursos do fundo de participação
Luiz Ribeiro
Do Estado de Minas
Fogos, carreatas, discursos inflamados e festas que lembravam verdadeiros comícios. Foi assim que alguns dos prefeitos do Vale do Jequitinhonha presos na Operação Pasárgada, da Polícia Federal, foram recebidos nas cidades, depois de liberados por ordem da corte especial do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. As recepções foram organizadas pelos correligionários dos investigados e até mesmo o prefeito de Divisa Alegre, Ualter Luiz Santiago Filho (PTB) — contra quem havia mandado de prisão, mas que não foi detido por estar foragido — experimentou o clima de festa no município.
Outro que foi recebido em clima festivo foi o prefeito de Almenara, Carlos Luiz Novaes (PDT). Ele chegou à cidade por volta das 2h de domingo, e foi saudado com queima de fogos e carreata. Novaes participou de recepção na praça Benedito Valadares, em frente à prefeitura, onde discursou para aproximadamente 200 pessoas, defendendo-se da acusação de envolvimento com o esquema de desvio de recursos públicos do FPM.
O prefeito de Minas Novas, José Henrique Gomes (PP), chegou ao município de 31,4 mil habitantes, a 483km de Belo Horizonte, ainda na noite de sábado, depois de ter deixado a cadeia pública de Montes Claros com outros quatro prefeitos e um contador do Vale do Jequitinhonha. Ele também foi recebido com fogos no estádio municipal. Ontem, a assessoria de imprensa da prefeitura de Minas Novas alegou não ter havido festa preparada, e que o prefeito apenas participou no de uma final de um campeonato local, que já estava prevista.
Em Rubim, cidade de 8,97 mil habitantes, a 764km da capital, por obra de seus correligionários, o prefeito Claudemir Carpe (PTdoB) também chegou à cidade ao som de fogos, domingo à tarde. O foguetório, na verdade, começou na tarde de sábado, quando os aliados de Carpe tomaram conhecimento da revogação da prisão. “Acho isso lamentável. Só faz manchar o nome da cidade, que é pobre e está muito largada”, reclamou o vendedor Marcos Tulio de Souza, que nasceu em Rubim e hoje mora em Belo Horizonte.