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22/04/2008 -

Tremor de 5,2 graus na escala Richter atinge SP e é sentido em outros 4 Estados

Tremor de 5,2 graus na escala Richter atinge SP e é sentido em outros 4 Estados

Um terremoto de 5,2 graus de magnitude na escala Richter atingiu diversas regiões de São Paulo na noite desta terça-feira (22), e foi sentido em mais quatro Estados. O epicentro foi no mar, a 215 km da costa do Estado de São Paulo, segundo informação do Observatório de Sismologia da Universidade de Brasília (UnB). O fenômeno foi registrado às 21h00min48 e durou três segundos. O tremor foi um dos sete maiores em magnitude registrados por sismógrafos no país, segundo o professor George Sand França, da UnB, novos tremores não estão descartados nas próximas horas.

Não há registro de feridos ou de ocorrências graves, mas foram registradas rachaduras em edifícios no bairro do Butantã e no Hospital Estadual da Vila Alpina, na zona leste da cidade de São Paulo.

Além da capital, moradores de vários locais do Estado de São Paulo, como a região do ABC paulista, Baixada Santista e Campinas informaram ter sentido os tremores. Cidades mais distantes como Americana, a 120 km da capital, também sentiram o abalo. Moradores de Estados vizinhos afirmam ter sentido um leve tremor, como internautas de São Gonçalo e da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, relataram ao UOL. Reflexos do tremor também chegaram ao Paraná, Minas Gerais e em Santa Catarina.

O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) de São Paulo confirmou que recebeu dezenas de ligações de todas as zonas da capital com relatos do abalo.

Tremor foi um dos sete maiores registrados do Brasil
Segundo o professor George Sand França, o terremoto está entre os sete maiores já registrados no Brasil. No Estado de São Paulo, outra grande ocorrência foi registrada em 1922, em Mogi-Guaçu (172 km da capital), com 5,1 graus na escala Richter (com a diferença de que naquela ocasião o epicentro foi no continente). "Mas esse de hoje foi o primeiro a ter um efeito maior em São Paulo, as pessoas reagiram de uma forma muito intensa", avalia o professor.

MAIORES ABALOS NO BRASIL
Porto dos Gaúchos (MT) 1955 6,6
Litoral de Vitória (ES) 1955 6,3
Tubarão (SC) 1939 5,5
Codajás (AM) 1983 5,5
Pacajus (CE) 1980 5,2
Litoral de SP 2008 5,2
Mogi-Guaçu (SP) 1922 5,1
João Câmara (RN) 1986 5,1
Plataforma (RS) 1990 5,0
Itacarambi (MG) 2007 4,9
LOCAL ANO MAGNITUDE*
O maior terremoto documentado no país, segundo França, ocorreu em 1955, em Porto dos Gaúchos, na Serra do Tombador (MT), e teve magnitude 6,6 na escala Richter.

O professor França afirmou que São Paulo fica em região de fratura em placa tectônica que já tem uma atividade física permanente. Ele foi sentido na metrópole com maior intensidade devido ao grande número de prédios altos.

"A capital de São Paulo amplifica os reflexos do tremor por estar em uma bacia sedimentar. É como se fosse uma base mole, então a onda vem e a freqüência é sentida com mais intensidade", descreveu.

Segundo ele, a possibilidade de ocorrer outro tremor no período pós-abalo é mínima, mas isso é algo "que não pode ser descartado". Em dezembro do ano passado, por exemplo, depois de um terremoto de 4,9 graus atingir a região de Itacarambi (MG), e causar a primeira morte em decorrência de terremotos no país, cerca de 300 tremores foram registrados, "abalos bem menores que muitas vezes não são nem sentidos pelos moradores", explicou. O especialista disse ainda que geralmente, os abalos podem ser sentidos em um raio de cerca de 300 a 400 km. "Depois disso, perde intensidade".

O epicentro do terremoto desta terça fica na área de plataforma continental que vai do Espírito Santo até o Rio Grande do Sul, segundo França. A estimativa de freqüência de abalos sísmicos nessa área seria de uma a cada 10 a 15 anos, mas, explica o especialista, a estimativa não é exata porque a medição instrumental começou somente no século passado, um período considerado historicamente curto para estudos precisos de freqüência.

Arte UOL
O epicentro do tremor de 5,2 graus foi próximo ao litoral paulista
"O principal é ter calma"
França recomenda: o importante em situações de tremor é que as pessoas não entrem em pânico e saibam como agir. "O principal é ter calma."

Ele diz que no Ceará, onde os tremores são mais comuns, as pessoas não se assustam mais. "Elas saem de casa tranqüilamente. Agora, se ocorre aqui, em Brasília, todo mundo vai ficar com medo", comparou.

"Os tremores são uma ocorrência natural. A diferença é que hoje a gente tem mais recursos para registrá-los e as pessoas sentem mais", acrescentou.

Construção civil deve pensar em segurança
Na opinião do professor, o Brasil precisa começar a pensar a construção civil levando em consideração a segurança para o caso de terremotos, principalmente em lugares que são mais suscetíveis a abalos. Ele citou os municípios de Alcântaras (CE), Sobral (CE) e João Câmara (RN).

O professor também descartou a relação do tremor de terra com a exploração de plataformas de petróleo na região. Segundo ele, os primeiros registros de tremores na região da chamada plataforma continental são de 1955, antes da exploração do petróleo.

Segundo a geofísica Célia Fernandes explicou ao UOL em novembro de 2007 -quando outro tremor foi sentido em São Paulo-, em regiões mais altas da cidade, como a avenida Paulista, é mais fácil sentir abalos sísmicos, bem como em andares mais altos de edifícios, pela maneira como as ondas do tremor se propagam.

Relatos
A produtora de moda Olivia Hanssen, 27, conta que estava em casa, a dois quarteirões da avenida Paulista, em São Paulo, quando sentiu o tremor. "Estava deitada, com meu gato no colo, quando senti a cama tremer. O gato deu um pulo e ficou com o pelo arrepiado e o olhar fixo", conta.

Larissa Ricciardi, 35, que também mora na região da Paulista, estava em casa quando sentiu a mesa em que trabalhava ao computador mexer. "Deu para perceber que não era um tremor comum, provocado por um caminhão na rua, porque o lustre balançou e os móveis mexeram", relata.

O marchand Clemente Hungria, 52, sentiu o tremor no bairro de Perdizes, zona oeste da capital paulista. "Tremeu bastante, chegou a dar enjôo", conta ele, que mora no décimo andar. "As janelas do apartamento fizeram barulho, mas não chegou a quebrar nada".

Na região central da cidade, na rua Augusta, o professor da USP César Azevedo, 42, conta que o tremor pareceu, a princípio, um ônibus que passava. "Daí, olhei pela janela, e não vi nada na rua. Só mais tarde, pela televisão, fiquei sabendo do que se tratava".


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