A Usina Hidrelétrica de Santo Antônio não tem, em seus quase três quilômetros de barragem, nenhuma fissura ou rachadura. A segurança no empreendimento é total. Porto Velho não corre nenhum risco de tsunami.
Todas essas garantias foram dadas no final de tarde desta quarta-feira (19/02) ao diretor do Foro da Seção Judiciária de Rondônia, juiz federal Herculano Martins Nacif, por dirigentes da empresa, em reunião realizada no Fórum Ministro Jarbas Nobre, que fica na área da cidade mais atingida pela cheia recorde do rio Madeira.
De maneira enfática, os representantes da Santo Antônio Energia esclareceram as dúvidas do magistrado e de sua equipe de assessores, uma vez que a Justiça Federal está com parte de seu terreno ocupado pelas águas do Madeira, e vem se estruturando para poder continuar funcionando e atendendo a população mesmo que o nível da alagação alcance 18,40 metros. “Precisávamos, enquanto instituição, de uma informação oficial”, explicou o juiz.
O gerente de Engenharia da Santo Antônio Energia, Delfino Gambetti, considerou até compreensível a preocupação da população, em face do ineditismo da situação. “Coisa semelhante aconteceu anteriormente em outras cidades onde também foram construídas usinas. O reprovável, entretanto, é o alarmismo desnecessário”.
Para o especialista, a obra, um investimento de R$ 15 bilhões de reais, obedece a parâmetros mundiais de segurança e o pânico que se pretendeu divulgar “não tem qualquer fundamento técnico”. Por sua vez, o diretor de Sustentabilidade, Carlos Hugo, destacou que são mais de 500 instrumentos que monitoram diuturnamente todos os setores e dão informações em tempo real. “Se a barragem mexer meio milímetro a gente fica sabendo”.
Ele demonstrou que o conceito da usina – a fio d’água – não permite armazenagem de grandes volumes. Por isso, toda a água que chega é liberada, “pois se fosse armazenada inundaríamos tudo”. “A cheia em Porto Velho é um fenômeno da natureza, e aconteceria mesmo que a usina não tivesse sido construída”, reforçou. “A obra não alterou a cota, a velocidade e o curso do rio”, frisou. “O vertedouro é dimensionado para uma vazão de 10 mil anos, num cálculo teórico, e temos agora uma vazão estimada, historicamente, de 50 anos”.
O gerente de Operações e Manutenção, Amauri Alvarez, com base em informações obtidas com relação às chuvas nos rios Beni e Madre de Dios, na Bolívia e Peru, respectivamente, apresentou uma previsão de que nos próximos dois dias o nível do rio Madeira poderá subir mais 25 centímetros (estava em 17,86 m), mas a partir de segunda-feira a tendência é estabilizar e diminuir, em seguida.
A equipe da Santo Antônio Energia admitiu, tão-somente, que em Jacy-Paraná, na época do verão amazônico, será necessário altear o nível do campo de futebol, da praça e de algumas casas “que ficaram um pouco abaixo do que é para ser”. Os técnicos da empresa lembraram, também, que não há nenhum problema entre Santo Antônio e Jirau no que diz respeito às respectivas cotas máximas do nível de água. “Nossas comportas nunca ficam totalmente fechadas, pois precisamos da vazão de água constantemente, que, obviamente, é a matéria-prima para geração de energia elétrica”, enfatizou Gambetti.
Atualmente a vazão está em torno de 51 mil metros cúbicos de água por segundo, mas deverá ficar abaixo de 47 mil na próxima semana. No período de seca estima-se algo em torno de 36 mil metros cúbicos de água por segundo, quando, então, a empresa pretender ser autorizada pela ANAEEL e pelo IBAMA a manter seu reservatório na altura de 71,30 metros (hoje, próximo de 70,50 metros).
Participou também do encontro o jornalista José Carlos de Sá, coordenador de Relações Institucionais da Santo Antônio Energia.