Dengue - Municípios tocantinenses estão em situação
preocupante em relação à presença do aedes aegypti

Eduardo Lobo
Palmas

Nove, dos 25 municípios tocantinenses prioritários no combate à dengue, estão com Índice de Infestação Predial (IIP), em 2008, considerados altos pelo Ministério da Saúde (MS), cujos indicadores toleráveis são os menores de 1%.

De acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesau), os maiores IIP registrados no Estado estão nos município de Araguatins (2,84), Axixá do Tocantins (2,58), Palmas (2,47) e Araguaína (1,94). Com o início das chuvas, a preocupação no Estado é que os índices possam aumentar e ocasionar uma epidemia no Tocantins.

O cálculo do IIP é realizado somando o número de imóveis inspecionados infestados pelo mosquito da dengue (aedes aegypti), multiplicado por 100. O gerente da Área Técnica de Dengue e Febre Amarela da Sesau, Olivério Alves, ressalta que o IPP pode ter menor proporção em casos onde a população do município é menor. Em 2007, de acordo com a Sesau, 56, dos 139 municípios do Estado tiveram IIP acima do preconizado pelo MS.

Conforme o gerente, de cada 100 imóveis que o agente visita, segundo o Ministério da Saúde, você pode encontrar no máximo um imóvel com o aedes aegypti. ?Isso significa que a área visitada está segura, teoricamente protegida para uma possível epidemia. Ou seja em 200 imóveis pode-se ter dois?, frisa e acrescenta: ?Em Palmas, por exemplo, tem 60 mil imóveis, podemos ter no máximo 600 com dados positivos para o IIP. A Capital está com 1,47% de casos de IIP acima do que é permitido pelo Ministério da Saúde?.

As cidades com índice acima de 1%, conforme Alves, são consideradas como situação de maior risco. ?O correto é o vetor não existir. Se ele existe, pode a qualquer momento eclodir?, ressalta, informando que, pelos dados do MS e Organização Mundial de Saúde, o máximo permitido é 1,0%.

PALMAS
Para Alves, Palmas tem uma situação diferenciada, porque o número de agentes que atuam no controle da dengue é insuficiente para alcançar todos os imóveis. ?Eles (Palmas) utilizam uma metodologia diferenciada de trabalhar em bloco. Se reúne um grupo de agentes, pessoas que trabalham na coleta de lixo, de acordo com a prioridade, com o número de casas. A gente entende que esse trabalho deve existir em todas as quadras de um município?, disse.

Quanto ao questionamento sobre o adicional de R$ 1.200 mil que o MS reservou para o combate à dengue no Tocantins, Alves disse que com certeza vai ser um reforço. ?Precisamos entender que esse quantitativo, nós participamos com menos de 1%. Esses R$ 128 milhões vão ser rateados pelos municípios prioritários. Então, esses municípios vão ter um incremento no controle da dengue. Vai ser possível ter contratação de pessoal e compra de mais equipamentos?, diz.

Os critérios para receber uma fatia da verba adicional do MS, segundo Alves, não são somente o IIP. ?Às vezes você tem um IIP elevado, mas a população é pequena, o histórico da presença da doença no município também é pequeno. São outros critérios, principalmente população. Se você tem 1% (de IIP) em Palmas com uma população de aproximadamente 180 mil habitantes, haverá mais pessoas infectadas. Já 1% em Axixá, a população é de 8 mil habitantes. O risco de explosão de casos em Axixá é menor?, explica.

IIP
Alves afirma que há relação do IIP com os índices de casos de pessoas infectadas pela dengue. ?Existe uma relação direta, observamos que nos municípios que têm uma manutenção de índices elevados também têm uma correlação com o aparecimento de casos. Em cidades onde o índice está abaixo de 1%, os casos são menores?, fala.

Segundo Alves, existem casos de pessoas que têm dengue e os sintomas não se manifestam. ?Eu posso já ter contraído dengue e nem mesmo saber disso. Ela apareceu em mim como uma dor de cabeça ou dor nas costas. Temos que considerar que 70% das pessoas que adoecem são portadoras, não manifestam a doença?, afirma.

Alves acrescenta que, se Palmas é um dos municípios onde há muitos casos de dengue, é também onde os profissionais estão bem preparados para identificar e tratar tais casos.