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29/08/2024 - INSTITUCIONAL

Juiz federal Eudóxio Paes participa do IX Encontro Nacional de Sustentabilidade da Justiça do Trabalho

Juiz federal Eudóxio Paes participa do IX Encontro Nacional de Sustentabilidade da Justiça do Trabalho

Crédito Foto: ASCOM/TRT5

O juiz federal da 3ª Relatoria da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Bahia e presidente da Comissão Gestora do Plano de Logística Sustentável da Seção Judiciária da Bahia (CGPLS/SJBA), Eudóxio Cêspedes Paes, participou da abertura do IX Encontro Nacional de Sustentabilidade da Justiça do Trabalho, representando a diretora do Foro desta Seccional, Sandra Lopes Santos de Carvalho. O evento começou no último dia 27 e prossegue até o próximo dia 30, no auditório da sede do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, no bairro de Nazaré, em Salvador.  

Nesta edição, o Encontro traz o tema Justiça Climática e Racismo Ambiental: um olhar sobre as vulnerabilidades. A abertura oficial ficou a cargo do presidente do TRT5, desembargador Jéferson Muricy, que destacou a importância do evento, por tratar de uma “questão fundamental que atinge todo o mundo”, citando ainda que os maiores responsáveis são aqueles com mais capacidade de se defender das consequências, enquanto os mais pobres vivem sujeitos às piores formas de exploração e de opressão, bem como às intempéries do desequilíbrio climático.  

A palestra magna de abertura foi proferida pelo presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Lelio Bentes Corrêa. O ministro destacou que mesmo iniciativas de grandes grupos empresariais que lucram com o sequestro de carbono não revertem qualquer dividendo para populações nativas das florestas e primeiras prejudicadas com o desmatamento. No discurso, foi dada ênfase ao aumento dos esforços para a construção de uma sociedade melhor e de uma cultura de sustentabilidade e inclusão, com a absorção de novos conceitos, como o de racismo ambiental, e entendimento da interseccionalidade das várias demandas (social, ambiental, de gênero, antirracista e outras).    

O juiz federal Eudóxio Paes expressou sua satisfação em participar de um evento tão relevante, registrando seu agradecimento à coordenadora do Comitê de Sustentabilidade do TRT 5, juíza Adriana Manta, que manteve contato com esta Seção Judiciária e disponibilizou todo o material. O magistrado fez questão de destacar especialmente a fala do ambientalista, jornalista, pesquisador e líder indígena Ailton Krenak, usada para abertura do evento, em que ressalta: “Fomos, durante muito tempo, embalados com a história de que somos a humanidade. Enquanto isso — enquanto seu lobo não vem — fomos nos alienando desse organismo de que somos parte, a Terra, e passamos a pensar que ele é uma coisa e nós, outra: a Terra e a humanidade. Eu não percebo onde tem alguma coisa que não seja natureza. Tudo é natureza. O cosmos é natureza. Tudo que eu consigo pensar é natureza.”  


O conceito de Justiça Climática está relacionado a uma noção de seletividade das crises climáticas, no sentido de que os efeitos destas são sentidos de uma forma mais robusta pelos segmentos sociais mais humildes. Exemplo disso é o caso das recentes inundações havidas no Sul do Brasil, que trouxeram prejuízos para a população daquela localidade, em especial aos segmentos mais desfavorecidos do ponto de vista econômico. A proposta da Justiça Climática é incentivar mecanismos que possam diminuir essa disparidade, assegurando cidadania e participação ativa nos processos decisórios relativos a políticas públicas ambientais.  Já o termo racismo ambiental foi criado pelo ativista de direitos civis norte-americano Franklin Chavis Junior, na década de 80, e associa a ideia de vulnerabilidade climática a elementos de natureza étnica, no sentido de que os extratos sociais mais expostos à crise climática são os segmentos étnicos mais vulneráveis, a exemplo de comunidades indígenas, quilombolas e ciganas. 

O racismo ambiental também é caracterizado pela preocupação com o crescimento da intolerância religiosa e com o discurso de ódio, que encontrou nas redes sociais um grande espaço de divulgação.  Além de questões sobre indicadores, controle de gastos, eficiência e as causas e efeitos do aquecimento global, o Encontro discute sobre as populações mais afetadas pelos danos ambientais, bem como aborda também as principais temáticas hoje voltadas às diversas vertentes da sustentabilidade: agenda de trabalho decente e seguro; combate ao trabalho infantil e estímulo à aprendizagem; sustentabilidade social; justiça climática; racismo ambiental; e as novas perspectivas dessas agendas, temas esses alinhados aos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU.  

“O evento enfatiza questões relativas à Justiça Climática e ao Racismo Ambiental, compreendidos em um contexto de políticas públicas que priorizam a questão social, sem dissociá-la da questão ambiental e corporativa. Os dois temas são bastante atuais e refletem a preocupação mundial com os direitos das próximas gerações, que repercutiu no país com a edição do Pacto pela Transformação Ecológica entre os três Poderes do Estado Brasileiro, que em seu Eixo III (Desenvolvimento sustentável com Justiça social, ambiental e climática), enfatiza a ‘promoção da educação ambiental e da capacitação contínua de agentes públicos, como servidores, gestores, magistrados, conciliadores e mediadores, promovendo as capacidades institucionais adequadas para a abordagem de questões e conflitos relacionados à temática socioambiental e climática’”, apontou o juiz federal Eudóxio Paes. 

Essa matéria está associada ao ODS 10 (Redução da Desigualdades), 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), 12 (Consumo e Produção Responsáveis) e 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes). 


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