A Seção Judiciária da Bahia participou da 3ª edição do encontro Mulheres na Justiça: novos rumos da Resolução CNJ n. 255, que aconteceu na última quinta e sexta-feira, 12 e 13, no auditório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília/DF. O evento contou com programação voltada ao debate de medidas para assegurar a igualdade de gênero nos órgãos do Judiciário e foi transmitido pelo canal do CNJ no YouTube.
A juíza federal da 14ª Vara/SJBA, Cynthia de Araújo Lima Lopes, e as servidoras Maria Eliana Brito de Oliveira e Juliana Paiva Samões, da mesma unidade judiciária, estiveram presentes no evento.
“A Resolução CNJ n. 255, como sabido, institui a Política Nacional de Incentivo à Participação Feminina no Poder Judiciário e, de acordo com ela, os órgãos do Poder Judiciário deverão observar a participação equânime de homens e mulheres, com perspectiva interseccional de raça e etnia. Também em debate a Resolução CNJ n. 525, de 27/9/2023, que, na mesma toada, criou ação afirmativa de gênero para acesso aos tribunais de segundo grau, que ainda não tenham alcançado o mínimo de 40% de participação feminina, assegurando às magistradas de primeiro grau acesso à promoção, pelo critério do merecimento”, explicou Dra. Cynthia Lopes.
Durante a mesa de abertura, a presidente do Comitê de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário, conselheira do CNJ Renata Gil, traçou um panorama detalhado do movimento institucional que impulsiona as políticas afirmativas da participação feminina nos tribunais.
O encontro levou painéis expositivos e oficinas temáticas, coordenadas por magistradas e servidoras. “O evento contou com palestras brilhantes que abordaram as ações desenvolvidas, as enormes dificuldades verificadas para implementação das políticas afirmativas da participação feminina nos tribunais, incluindo os cargos administrativos e de gestão em todos os graus de jurisdição, a necessidade de continuar desenvolvendo ações concretas, ante eventuais riscos de retrocesso. Na oportunidade, também foram travados relevantes debates acerca das medidas tendentes a assegurar a paridade de gênero no âmbito do Poder Judiciário. Foi extremamente enriquecedor conhecer a produção científica sobre o tema que dá suporte às normas e às políticas que visam à incrementar a participação feminina neste importante espaço de poder”, pontuou a magistrada.
Em uma dessas oficinas, a servidora da 14ª Vara Juliana Paiva Costa Samões teve a sua produção acadêmica aprovada para exposição no encontro. Sobre o evento em geral, a servidora destacou o número significativo de mulheres negras presentes na mesa e declarou: “achei muito relevante o evento e os temas abordados porque são conectados com pautas atuais e urgentes, como interseccionalidades, direitos dos povos originários, mudanças climáticas, inteligência artificial, destacando como as questões de gênero se encontram inseridas em todos os ramos do direito. A oficina da qual eu participei, que permitia que as participantes levassem suas pesquisas, trouxe diversas pautas relevantes, demonstrando que o corpo humano do Judiciário, em especial as mulheres, está se aprofundando em temáticas sensíveis e urgentes, no intuito de aprimorar a contribuição para a comunidade interna da justiça e para os jurisdicionados.”
A servidora Juliana Samões teve 10 minutos de fala durante o evento e apresentou, de forma on-line, o seu artigo científico “O estereótipo de mulher utilizado como paradigma na interpretação do Direito”, publicado na revista de Doutrina Jurídica do TJDFT. “O artigo que escrevi aborda o direito como tecnologia de gênero (como o direito cria o gênero), contribuindo para reforçar os estereótipos atribuídos às mulheres, gerando a negativa de direitos, mesmo quando previstos em lei”, afirmou.
Para conferir o artigo na íntegra basta acessar o link: https://tinyurl.com/3mrfj8cs.
Essa matéria está associada ao ODS 5 (Igualdade de Gênero) e 10 (Redução das Desigualdades).