14/05/13 13:50
"Abolition de l'esclavage", de Biard.
Na década de 1880, o Brasil era o único país do ocidente a manter o trabalho escravo. Assim, aumentou a pressão internacional contra a escravidão no Brasil. E ao mesmo tempo surgiram novos clubes abolicionistas, multiplicaram-se os jornais antiescravistas, e a campanha se deslocou para as ruas.
O movimento poderia ser considerado pacifico até então. Entretanto, mais violentas eram as atividades de alguns abolicionistas nas fazendas: incentivavam a fuga de escravos e as rebeliões contra os senhores, desorganizando o trabalho nas lavouras, ajudados por imigrantes que doutrinavam os negros, mostrando-lhes a injustiça da escravidão.
Um grupo de grande importância, organizado nesta época em São Paulo, foi o dos Caifazes liderado por elementos da classe média, como o Dr.Antônio Bento (abolicionista de família rica de São Paulo. Foi advogado, Promotor Público e depois Juiz de Direito). O grupo promovia uma ação direta e radical, organizando fugas e rebeliões de escravos nas fazendas.
Diante dos avanços dos abolicionistas, mas sem querer prejudicar os proprietários de escravos, o governo tentou mais uma tática reformista em 1885. Após duros 17 meses de debates na Câmara, o imperador sancionou, no dia 28 de setembro a lei Saraiva Cotegipe, mais conhecida como “Lei dos sexagenários”, por libertar os escravos de mais de 60 anos.
A intenção do governo era apaziguar mais uma vez os abolicionistas, no entanto, o movimento se tornou mais radical, os ataques à Monarquia eram constantes e as rebeliões nas fazendas espalharam-se em todas as regiões.
Nesse clima de revolta, foi apresentada, em 1888, uma proposta de lei que abolia imediatamente a escravidão no país. Nessa época, a filha de D.Pedro II, a Princesa Isabel, pretensa futura imperatriz do Brasil, ocupava interinamente o cargo do pai.
No dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a chamada “Lei Áurea”, abolindo definitivamente a escravidão no Brasil. Com as palavras da Princesa Isabel nesse dia: “A extinção do elemento servil pelo influxo sentimento nacional e da liberdade dos particulares, em honra do Brasil, adiantou-se pacificamente de tal modo que hoje aspiração aclamada por todas as classes com admiráveis exemplos de abnegação por parte dos proprietários. Quando o próprio interesse privado vem espontaneamente colaborar para que o Brasil se desfaça da infeliz herança, que não hesitais em apagar do direto pátrio a única exceção que nele figura, em antagonismo com o espírito cristão e liberal de nossas instituições”.
A Lei Áurea extinguiu a escravatura, mas não criou nenhuma medida para garantir ao ex-escravo condições mínimas de sobrevivência como pessoa livre. O negro se tornou livre do cativeiro das senzalas, mas manteve-se à margem da sociedade.
O movimento abolicionista restringiu-se a extinguir o regime escravista, não colocando em discussão as formas de vida do ex-escravo.
Eduardo de Oliveira Ferreira