26/08/13 14:41

Direito é a justa parte. Assim pensavam os gregos. Diziam que o juiz era um partidor, e que seu trabalho exigia, mais que conhecer a lei, ter senso de medida, proporção.

O tempo passou. O Direito se tornou um labirinto frio, sem luz e sem fim, onde pessoas pálidas vivem absortas, exercitando obsessivamente a memória, buscando um norte naquele subterrâneo de papéis. Assim as pessoas pensam hoje o direito.

Todos que trabalhamos na Justiça nos sentimos, de vez em quando, num labirinto. Mas é engano. Nossa analogia deve ser outra. Todos nós somos carpinteiros que, tendo recebido várias tábuas do legislador, construímos apressadamente um grande barco que abrigará a sociedade pelos mares. Com um pequeno porém: a viagem já começou, mesmo estando o barco por terminar. Seguimos assim, meio construindo e já meio reformando. Sempre navegando.

Não estamos num labirinto. Somos todos, juízes e servidores, artesãos aprontando o barco que transporta a sociedade pelo mar do tempo. Ao encaminhar cada processo, dar-lhe prumo, nosso trabalho pode parecer pequeno, mas cada elemento é vital para que a nave, realmente, navegue.

Nestes 45 anos de Justiça Federal em Goiás, que cada um de nós se orgulhe do barco que temos e do caminho que percorremos. Mas, principalmente, que estejamos prontos para seguir construindo e navegando. Esta é nossa arte.