Ministros do Supremo participaram de celebração pelos 35 anos da Constituição de Mato Grosso na Assembleia do Estado
Por
Mariana Assis
, Valor — Brasília
Política
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou, na segunda-feira (18), que há um “ciclo amplo de violência” na atual sociedade e mencionou a existência de um ambiente em que “uma pessoa quer jogar bombas no Supremo”.
“Quem não quer paz é quem cria um ambiente em que, infelizmente, uma pessoa quer jogar bombas no Supremo”, afirmou ao fazer referência ao atentado ocorrido na quarta-feira (13), na Praça dos Três Poderes, quando Francisco Wanderley Luiz jogou bombas em direção à Corte e morreu no local.
A declaração foi dada durante discurso em evento para celebrar os 35 anos da Constituição de Mato Grosso, realizado na Assembleia Legislativa do Estado. Ele estava acompanhado de mais dois colegas de Supremo, os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.
Segundo Dino, quem quer paz luta diariamente pela democracia. Para o magistrado, há um ciclo de violência na sociedade. “É um ciclo amplo de violência e há uma vinculação entre uma coisa e outra. Essa violência na política, violência nas redes se reflete também na quebra de uma cultura de paz porque se rompem laços interpessoais de fraternidade que são necessários para que nós tenhamos uma sociedade sem violência”, destacou Dino.
Antes de o evento começar, em entrevista coletiva a jornalistas, o decano do STF, ministro Gilmar Mendes, afirmou que o episódio causa preocupação. “São fatos que nos preocupam a todos porque mostram a vulnerabilidade de todos os nossos esquemas e sistemas de segurança”, disse.
“Se o suicídio vem acoplado a ações criminosas ou a propósitos libertários, ou seja lá o que for, se torna algo bastante perigoso”, complementou.
O STF reforçou todos os esquemas de segurança e as visitas às instalações internas da Corte estão suspensas.
Durante o seu discurso, o ministro Alexandre de Moraes voltou a defender a regulamentação das redes sociais. Ele disse que há algoritmos randômicos, que acabam por influenciar as pessoas das mais diversas formas, inclusive politicamente. E, por trás disso tudo, há empresas e interesses. “Nunca houve nenhum setor na história da humanidade que não tenha sido regulamentado”, resumiu.
Já Gilmar Mendes disse que o Brasil seria “outro” e “pior” se não fosse a instauração do inquérito das “fake news”, que está sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.
Sobre Moraes, o decano destacou que ele tomou posse na Corte, em 2017, “num momento extremamente desafiador”. “Naquele momento, nós discutíamos que seria o Brasil a partir de 2018. Ele, eu e o ministro Toffoli conversamos muito sobre o quadro então desenhado e eventualmente existente”, contextualizou o decano. “E aventamos a possibilidade de que naquela quadra seria necessária uma investigação, um inquérito, aquilo que depois os senhores passaram a chamar, a imprensa começou a chamar, de inquérito das ‘fake news’”, complementou.
Segundo Gilmar Mendes, o ministro Dias Toffoli assumiu o “ônus” de instaurar o inquérito e designou Moraes como relator. “É muito fácil ser profeta de obra acabada, o engenheiro de obra pronta, como se diz, mas posso dizer que certamente [o Brasil] seria outro e pior não fora esta instauração, não fora essa designação do ministro Alexandre, não fora a sua ação à frente deste inquérito”, elogiou.
Para Gilmar Mendes, Moraes “já cumpriu um papel importantíssimo na história do Brasil”, seja pela condução do inquérito, seja por ter presidido o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições presidenciais de 2022, além da “vastíssima” carreira na administração pública e jurídica.
Fonte: Valor Econômico 19/11/2024
Iris Helena
Biblioteca