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Publicações de Interesse Público

02/12/2024 -

STF faz ativismo judicial contra liberdade de expressão online

 STF faz ativismo judicial contra liberdade de expressão online

Com debate atabalhoado sobre artigo do Marco Civil da Internet, corte invade seara do Congresso e pode pôr em risco direitos dos usuários

 Lygia Maria

Colunas

 Sessão plenária do STF, sob a presidência do ministro Luis Roberto Barroso, julga questões envolvendo o Marco Civil da Internet - Pedro Ladeira - 27.nov.24/Folhapress


 "Ninguém vai dar like em ‘a terra é redonda’. O que dá like? ‘O mundo é plano’". Essa platitude proferida pelo ministro Dias Toffoli no julgamento sobre o artigo 19 do Marco Civil da Internet (MCI) no STF mostra a precariedade do debate na corte. 

Ora, até a imprensa segue lógica similar: "Notícia não é cachorro morde homem, é homem morde cachorro". O que foge à norma chama atenção e impulsiona jornalistas a explicá-lo ou criticá-lo. Dá-se o mesmo nas redes sociais. Chama-se debate público. Para isso, a expressão individual deve ser livre, com responsabilização no caso de infração legal. 

O artigo 19 do MCI protege o indivíduo contra censura das plataformas, já que elas só podem ser punidas pelo o que os usuários postam caso não retirem o conteúdo após decisão judicial.

 Sem a mediação da Justiça, elas poderiam adotar moderação mais severa para evitar riscos, o que limitaria o debate público.

 Espanta, portanto, que o STF tenda a se contrapor à arbitragem do Judiciário. Por isso, aventa-se que, em vez de tornar o artigo 19 inconstitucional, o Supremo ampliará os casos nos quais as plataformas já devem agir sem decisão da Justiça, como os que envolvem direito autoral e nudez..

 Luís Roberto Barroso, presidente do STF, disse que a corte esperou por ação do Legislativo e que "não ocorrendo, chegou a hora de decidirmos essa matéria". 

Mas o Congresso agiu, ao aprovar o MCI em 2014 —e vai discutir um novo PL das fake news, que não foi votado devido a inconsistências geradas por açodamento.

 O problema, então, é que o Supremo não gostou da ação e quer, de forma atabalhoada, com platitudes e desconhecimento do ambiente digital, legislar ou pressionar o Congresso a fazê-lo. Se isso não é ativismo judicial, o que mais seria? Pior, ativismo judicial contra a liberdade de expressão.


Fonte: Folha de São Paulo 02/12/2024

Iris Helena
Biblioteca



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