Colaboração internacional é essencial para criar soluções para pandemias e a inteligência artificial, entre outras
Gustavo Rosa Gameiro
Médico-cientista, jovem liderança médica da Academia Nacional de Medicina e organizador de evento sobre colaboração científica para o G20
Opinião
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Em um mundo onde a ciência e a tecnologia avançam rapidamente, a diplomacia científica se torna relevante para resolver desafios globais. Mas, afinal, o que é isso? Trata-se da união da ciência com a política internacional para criar soluções que beneficiem todos os países. Questões como pandemias, doenças negligenciadas e o avanço da inteligência artificial exigem colaboração global para que inovações sejam usadas de maneira responsável e equitativa.
Embora o termo tenha ganhado destaque recentemente, o conceito é antigo. Durante a Guerra Fria, a ciência serviu como ponte entre nações adversárias, como no Programa Apollo-Soyuz, que uniu americanos e soviéticos em cooperação espacial num mundo polarizado. No Brasil, a diplomacia científica cresce com programas como o Diplomacia da Inovação, e parcerias globais que buscam enfrentar a mudança climática. A responsabilidade de sediar a COP30, em Belém, coloca o Brasil na linha de frente dessas discussões.
Cientistas na corrida contra o coronavírus
Grupos econômicos como o G20 são espaços ideais para debater o impacto global da ciência e políticas que garantam acesso equitativo às tecnologias. E, nesse contexto, não é necessário reinventar a roda. Problemas globais, como a insegurança alimentar, são desafios que todas as nações enfrentam. Se cientistas de diferentes países colaborassem, trocando descobertas, tecnologias e experiências enquanto promovem o acesso aberto, o impacto seria muito mais significativo. Colaborar significa acelerar o avanço científico e garantir que soluções efetivas sejam amplamente disseminadas e aplicadas.
Desafios, contudo, persistem. Diferenças culturais e políticas, barreiras no compartilhamento de dados e a desigualdade na infraestrutura científica dificultam a colaboração. Superar esses obstáculos requer esforço contínuo e construção de confiança mútua.
Instituições tradicionais, como a Academia Nacional de Medicina, são cruciais para legitimar a diplomacia científica, enquanto redes de jovens pesquisadores, como a Global Young Academy, injetam energia e inovação, criando conexões mundiais e promovendo a ciência colaborativa.
Por que cientistas tentam desenvolver relógio nuclear
Pensar em saúde global é pensar em como podemos trabalhar juntos. A diplomacia científica derruba barreiras, tornando a ciência mais inclusiva e acessível. A união de governos, cientistas e instituições amplia o conhecimento e fomenta novas oportunidades de progresso não só para um país mas para o mundo inteiro. Afinal, embora cientistas tenham passaporte, a ciência não reconhece fronteiras.
Investir em diplomacia científica é garantir um futuro mais saudável e sustentável. Com desafios globais tão complexos, a colaboração internacional é essencial. Mais do que gerar boas ideias, é crucial implementá-las de forma eficaz. Para isso, é vital capacitar jovens lideranças científicas, cuja energia e flexibilidade são fundamentais para impulsionar mudanças e transformar conhecimento em ações de impacto duradouro.
Fonte: Folha de São Paulo 29/11/2024
Iris Helena
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