Your browser does not support JavaScript!
modal 1 2 3

Publicações de Interesse Público

29/10/2024 -

Indígenas de países amazônicos lançam aliança na COP16

Indígenas de países amazônicos lançam aliança na COP16

Por Daniela Chiaretti , Valor — Cáli (Colômbia)

Mundo

Entre os temas prioritários da aliança estão apoiar a segurança jurídica dos territórios indígenas, exigir mecanismos de financiamento direto para os povos indígenas da Amazônia e proteção aos povos indígenas em isolamento  

 Angela Amanakwa Kaxuyana, liderança do povo Kahyana, no extremo norte do Pará, fronteira com o Suriname — Foto: Kaiti Topramre/COIAB

 Organizações indígenas dos nove países amazônicos lançaram em Cáli, na Colômbia, uma aliança de entidades que representam 511 povos e que defendem a Amazônia, os povos tradicionais, a biodiversidade e o clima global. Sua primeira reivindicação é que sejam reconhecidos como autoridades climáticas – não à toa a coalizão se chama G9 da Amazônia Indígena.

 “Queremos que as COPs reconheçam a demarcação e o reconhecimento de terras indígenas como políticas de clima e de biodiversidade”, diz Angela Amanakwa Kaxuyana, liderança do povo Kahyana, no extremo norte do Pará, fronteira com o Suriname.

 “Outro ponto é que os povos indígenas sejam reconhecidos como autoridades da biodiversidade e do clima”, continua Ângela, ao Valor. “Somos mencionados como guardiões da floresta, como essenciais para o equilíbrio climático, mas não como autoridades.

” A aliança foi lançada no fim de semana na COP16, a conferência de biodiversidade que acontece até o dia 1 de novembro. “É uma agenda de articulação entre nove países da bacia amazônica para incidência internacional rumo à COP30, em Belém”, continua.

 Representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), a organização que reúne entidades indígenas nos nove Estados amazônicos, Angela esclarece o nome da aliança: “O G9 também vem com alusão desses espaços de autoridades globais como o G20 [grupo das principais economias mundiais] e o G7 [grupo das principais economias ricas], que são uma coalizão de espaços de autoridades da economia e do desenvolvimento. Estamos refletindo que nós somos autoridades da biodiversidade e do clima”. 

“Somos nós que preservamos e possibilitamos, com nossas práticas e tecnologias tradicionais e espirituais, o aumento da biodiversidade e o equilíbrio do clima”, diz. 

Entre os temas prioritários da aliança estão apoiar a segurança jurídica dos territórios indígenas pela demarcação e reconhecimento, exigir mecanismos de financiamento direto para os povos indígenas da Amazônia e proteção aos povos indígenas em isolamento. Outro ponto é aumentar sua voz nas negociações internacionais.

 Além da Coiab, assinam a declaração entidades da Colômbia, Bolívia, Equador, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Peru e Venezuela. “Trabalhamos unidos, nos fortalecemos, porque as ameaças e as demandas de todos são similares”, diz Oscar Daza, secretário-geral da Organización Nacional de Los Pueblos Indígenas de la Amazonia Colombiana (Opiac).

 “O G9 é uma instância de voz dos povos indígenas da bacia amazônica nas reuniões internacionais”, explica Angela. “A Opiac recebe a COP e a Coiab irá receber a COP30, como anfitriões indígenas”, continua.

 As maiores organizações indígenas brasileiras também fizeram uma declaração onde dizem que não permitirão mais iniciativas de petróleo e gás em seus territórios e reivindicam a copresidência da COP30, em Belém, em 2025. 

“Os povos indígenas estão marcando um contraste necessário com grupos de chefes de Estado que seguem fazendo muito pouco pelo meio ambiente”, diz Marcel Taminato, coordenador de alianças da ONG 350.org. 

“Mesmo sem financiamento adequado e com pouco espaço de participação, os povos tradicionais fazem o que precisam para proteger seus territórios. É uma liderança mais do que necessária no caminho para a COP30”, diz.

Fonte: Valor Econômico 29/10/2024

Iris Helena
Biblioteca



105 visualizações