Enel pretende mobilizar ainda hoje 2,5 mil profissionais para restabelecer luz a clientes
Por
Rodrigo Carro
— De São Paulo
Ventos de até 107 km/h na noite de sexta-feira derrubou várias árvores na cidade e deixou milhares de residências e comércios sem energia — Foto: Renato S. Cerqueira/Ato Press/Folhapress
Uma tempestade com ventos de até 107 km/h na noite de sexta-feira (11) deixou sem energia mais de 2,1 milhões de clientes da Enel Distribuição São Paulo na capital e na sua região metropolitana, dos quais 760 mil continuavam sem eletricidade por volta das 14h30 de ontem. Ao todo, 11 subestações desligaram durante o temporal e 17 linhas de alta tensão foram afetadas.
A interrupção - quase um ano depois do “apagão” ocorrido em 3 de novembro de 2023, quando 2,1 milhões de clientes foram afetados, também por um vendaval - gerou prejuízos e outros transtornos para comerciantes e consumidores residenciais.
No sábado à tarde, a Enel informou que, às 15h, havia restabelecido a energia para 650 mil clientes. Até as 8h de domingo, 36 horas após o vendaval, havia ainda aproximadamente 900 mil clientes sem eletricidade, enquanto outros 1,2 milhão haviam tido o serviço normalizado.
No mais recente boletim divulgado pela Enel até o fechamento desta edição, havia 760 mil clientes sem energia, dos quais 496 mil estavam na capital.
A empresa informou também ontem que, além de atuar com cerca de 1,6 mil técnicos, reforçou suas equipes de campo deslocando profissionais do Rio de Janeiro e do Ceará, além de receber apoio de outros grupos do segmento de distribuição. A Enel pretende mobilizar ainda hoje um total de 2,5 mil profissionais.
O esforço, no entanto, não impediu a Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp), de anunciar que vai processar a Enel por prejuízos causados pelo “apagão”. A Fhoresp, que representa mais de 502 mil estabelecimentos, informou que 50% estão na região afetada pela falta de energia. A primeira ação será notificar a Enel, diz a Fhoresp. Depois, a federação vai mediar ações individuais de seus associados na Justiça. A Fhoresp defende que a medida é necessária, “tendo em vista os danos milionários”.
“Não é só o dia não faturado. Além do bar e do restaurante não conseguirem abrir as suas portas, estes estabelecimentos também não têm como acondicionar matéria-prima. Os produtos perecíveis estão estragando. É um prejuízo terrível”, afirmou o diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto. O último apagão em São Paulo causou um prejuízo de R$ 500 milhões ao setor, de acordo com cálculos da Fhoresp.
Produtos perecíveis estão estragando. É um prejuízo terrível”
— Edson Pinto
Na tentativa de minimizar prejuízos, o comerciante Davi Lin, 42, contratou um gerador para poder abrir seu mercado na alameda Eduardo Prado, em Campos Elíseos, centro de São Paulo. Com um custo de R$ 6 mil a cada oito horas, o equipamento virou peça vital para manter as portas abertas neste fim de semana. Além disso, estimou um prejuízo de R$ 3 mil com frangos e frios que teve que descartar por terem ficado sem refrigeração. No sábado, o local funcionou apenas por duas horas, entre 19h e 21h, depois da chegada do equipamento.
Na Barra Funda, o restaurante Sururu, especialista em frutos do mar, contabiliza um prejuízo que passa dos R$ 100 mil por não ter conseguido abrir, disse o cozinheiro Roberto Souza, 38. Os alimentos estavam estocados em imóvel com luz, evitando o descarte. Neste domingo apenas funcionários estavam no local à meia porta.
Em nota divulgada ontem, a Secretaria de Comunicação do Estado de São Paulo esclareceu, com base em informações da Sabesp, que o abastecimento de água pode ser afetado na capital e em cidades próximas, devido à interrupção do fornecimento de eletricidade. Isso porque a falta de energia interfere no funcionamento de estações elevatórias e bombas pressurizadoras.
Em março, em entrevista ao Valor, o presidente da Enel Brasil, Antonio Scala, atribuiu a queda de energia ocorrida em novembro do ano passado a eventos climáticos extremos e anunciou um plano de investimentos de US$ 3,6 bilhões para o triênio de 2024 a 2026. Desse montante, 80% seriam destinados a aprimorar a infraestrutura de distribuição de energia nas suas áreas de concessão nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. (com Folhapress)
Fonte: Valor Econômico 14/10/2024
Iris Helena
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