Se o retorno do X ocorreu apenas após o primeiro turno da eleição municipal, ocorreu exclusivamente por conta do tempo que a rede social levou para cumprir todas as determinações do Supremo Tribunal Federal. Se o período coincidiu, a conta precisa ser cobrada dos responsáveis pela empresa. Eles que demoraram a se enquadrar em todas as determinações legais existentes
Roberto Fonseca
O X, o antigo Twitter, está longe de ser a rede social preferida dos brasileiros. Dados do mais recente Digital News Report, do Instituto Reuters, indicam que é a sexta plataforma mais utilizada para entretenimento e busca de notícias. Está bem atrás de WhatsApp, YouTube, Instagram, Facebook e TikTok como fonte de informação, com apenas 9% da preferência dos usuários.
Com a designação do representante legal e o pagamento da multa de R$ 28,6 milhões, a rede social do bilionário Elon Musk voltou a ficar acessível para todos os brasileiros, o que deve ser celebrado. Primeiro porque não se trata de censura, mas, sim, da adequação da empresa às leis nacionais, principalmente o estabelecido no Marco Civil da Internet.
Se o retorno do X se deu apenas após o primeiro turno da eleição municipal, ocorreu exclusivamente por conta do tempo que a rede social levou para cumprir todas as determinações do Supremo Tribunal Federal. Se o período coincidiu, a conta precisa ser cobrada dos responsáveis pela empresa. Eles que demoraram a se enquadrar em todas as determinações legais existentes.
Entre os analistas e marqueteiros políticos, há um sentimento majoritário de que o X terá um papel importante no segundo turno das eleições, que será realizado em 52 cidades. Por ser uma rede social de código aberto, diversas ferramentas conseguem captar em tempo real as reações dos usuários a vídeos e memes publicados. Como a minutagem na propaganda no rádio e na televisão é igual, qualquer ponto fora da curva poderá decidir a eleição.
Então, agora, mais do que nunca, as campanhas precisam estar cientes do poder das redes sociais para moldar percepções e influenciar decisões. Cabe aos candidatos, e principalmente aos eleitores, garantir que o X seja usado para o bem — como um espaço de debate saudável e transparente, e não de manipulação e desinformação. O Brasil merece uma eleição limpa, onde o diálogo prevaleça sobre o caos digital. As redes sociais não podem ser terra sem lei. A democracia digital exige vigilância constante, e o Brasil tem normas para garantir a sua integridade.
Fonte: Correio Braziliense 11/10/2024
Iris Helena
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