Entenda como o equilíbrio entre pressa e paciência pode transformar suas finanças e garantir um futuro mais seguro
Michael Viriato
Blogs
Planejar as finanças é um pouco como cozinhar. Muita gente acha que basta colocar no micro-ondas, apertar três minutos e pronto: vai sair uma aposentadoria fumegante e deliciosa. Mas, para uma vida financeira saudável, a "receita" exige mais do que rapidez; é preciso dosar a pressa e a paciência na ordem certa. Na verdade, o dilema entre pressa e paciência é um dos segredos de um planejamento financeiro de sucesso, e o influenciador Leandro Ladeira nos chamou a atenção para isso. Quem domina essa combinação costuma construir uma base sólida, enquanto quem troca as prioridades acaba pagando um preço alto.
O planejamento financeiro é como uma maratona, tem de largar logo para conseguir chegar bem ao fim, mas também tem de ter paciência para dosar o ritmo e conseguir alcançar o objetivo. - Austris Augusts/Unsplash
Um exemplo clássico de agir ao contrário é na antecipação de sonhos. Ter pressa para adquirir bens —como um carro, imóvel ou até aquela viagem — e paciência para pagar significa pagar muito mais a longo prazo. O impulso de antecipar um desejo leva muitos a financiar suas compras, aceitando longas parcelas e juros elevados, mas essa combinação de pressa e paciência invertida faz o sonho custar mais do que ele realmente vale. É nesse ponto que equilibrar a pressa para poupar e a paciência para esperar faz toda a diferença.
Para quem deseja construir uma base financeira sólida, o primeiro passo é agir com pressa na hora de quitar dívidas e montar uma reserva de emergência. Dívidas carregam juros que corroem o orçamento, enquanto reserva de emergência garante segurança em momentos imprevistos. Essas são etapas que exigem pressa para evitar que o dinheiro se desvalorize e para proteger o orçamento familiar. Com essa base formada, é possível avançar para as próximas fases com mais calma.
No mundo dos investimentos, a paciência é ainda mais valiosa. Muitos adiam o primeiro passo, esperando o "momento certo" para investir. Mas, ao começar, querem resultados instantâneos. Esse é outro caso em que a ordem ideal é inversa: pressa para começar e paciência para ver o capital crescer. Os investimentos, principalmente os de longo prazo, precisam de tempo para amadurecer. Quem respeita esse ritmo deixa os juros compostos agirem ao longo dos anos e vê o patrimônio crescer de forma consistente, enquanto os apressados se frustram com a falta de ganhos rápidos.
No planejamento para a aposentadoria, essa lógica é ainda mais evidente. Quanto antes começamos a poupar, maior é o poder dos juros compostos, e menor a pressão para aportes maiores no futuro. Quem age com pressa para iniciar o plano e paciência para ver os frutos tende a alcançar uma aposentadoria tranquila. O oposto, querer resultados acelerados, geralmente leva a frustrações e corre o risco de comprometer o futuro.
Seja na antecipação de um sonho, seja na construção de uma reserva, o segredo é usar a pressa e a paciência nas horas certas. Muitos agem ao contrário: adiando o início das decisões financeiras e esperando resultados rápidos, quando a verdadeira sabedoria está em ter pressa para planejar e paciência para executar o plano. Com uma combinação bem alinhada, o planejamento financeiro se torna um processo mais leve e sustentável para o futuro.
Fonte:Folha de São Paulo 18/11/2024
Iris Helena
Biblioteca