Para maioria dos pais, crianças não devem acessar redes sociais, aponta Datafolha; estimular uso responsável é sensato
Criança usa aparelho celular para estudar - Getty Images via BBC
Novas tecnologias de comunicação historicamente costumam levantar preocupações, principalmente em relação à população mais jovem. Foi assim com o cinema, a televisão, os computadores e, agora, o aparelho celular com acesso à internet e às redes sociais.
Segundo pesquisa do Datafolha, 58% dos brasileiros com filhos de até 17 anos acham que crianças menores de 14 anos não deveriam ter celular ou tablet próprio nem acessar aplicativos de mensagens como o WhatsApp.
A objeção ao uso de redes sociais como Instagram e TikTok é ainda maior, com 76%, mesma porcentagem dos que consideram que esse estrato não deveria assistir a vídeos no Youtube sem supervisão dos responsáveis.
O levantamento TIC Kids Online Brasil feito em parceria com a Unesco mostrou que, no ano passado, 71% das crianças de 9 e 10 anos de idade no país acessavam YouTube; 51%, WhatsApp; 50%, Tik Tok; e 26%, Instagram. Entre as de 11 e 12 anos, os índices saltam para 90%, 70%, 55% e 52%, respectivamente.
De fato o ambiente online intensifica práticas que podem impactar a saúde mental dos mais jovens, como o bullying, a imposição de padrões de beleza e estilos de vida e a desinformação.
Não há consenso científico sobre a possibilidade de que as redes sociais causem problemas psicológicos, mas pesquisas já apontam indícios dessa relação.
Casos de depressão, ansiedade, transtornos alimentares e automutilação em crianças e adolescentes vêm aumentando globalmente desde o início do século.
No Brasil, o Ministério da Saúde emitiu alerta para o problema em 2022. De 2016 a 2021, a taxa de suicídios de pessoas entre 10 e 14 anos subiu 45% e, entre 15 e 19 anos, 49% —na população total, a alta foi bem menor (17,8%).
A proibição total não é uma solução sensata para o problema. Afinal, o mundo contemporâneo, da cultura à economia, é regido pelas tecnologias, e as crianças precisam aprender a dominá-las para usufruir do melhor que elas podem oferecer.
Pais podem se valer das ferramentas disponíveis em sites e aplicativos para monitorar como os jovens usam as redes sociais e adotar restrições de tempo e conteúdo. Ademais, cabe diálogo aberto sobre adversidades que os filhos estejam enfrentando no universo online.
As escolas têm o papel importante de promover a educação midiática, que ensina os alunos a reconhecerem práticas abusivas —informações falsas, discursos de ódio, bullying, assédio— e a se protegerem contra elas.
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Fonte: Folha de São Paulo
por Iris Helena Gonçalves de Oliveira
Biblioteca
Justiça Federal de Goiás