Até a semana passada, a PF já havia aberto 85 investigações, mas sem prisões; uma das linhas de investigação é que parte dos incêndios seja motivada por “retaliação” ao governo Lula (PT)
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Isadora Peron
, Valor — Brasília
Os inquéritos instaurados pela Polícia Federal (PF) para apurar a onda de incêndios que se espalhou pelo país começaram a dar resultados. Desde segunda-feira (30), a corporação já deflagrou três operações e prendeu cinco pessoas suspeitas de envolvimento em queimadas no Pará, Acre e Distrito Federal.
Até a semana passada, a PF já havia aberto 85 investigações, mas nenhuma pessoa havia sido presa. Em entrevista ao Valor, o diretor de Amazônia e Meio Ambiente, Humberto Freire, afirmou que as investigações iriam trazer resultados “em breve”.
No Pará, três suspeitos foram presos em flagrante sob a suspeita de envolvimento em invasão de terras públicas e queimadas ilegais em terras da União. Em nota, a corporação informou que o combate ao desmatamento ilegal e às queimadas criminosas era prioridade da atual gestão na Amazônia Legal, especialmente em áreas de grande relevância ambiental e turística, como Alter do Chão.
"As queimadas criminosas, além de causarem sérios danos ao meio ambiente, comprometem áreas públicas de grande valor ecológico e são um dos principais fatores de desmatamento”.
Já no Acre, duas pessoas foram presas. Durante o cumprimento das medidas, a equipe de policiais se deparou com uma vasta área rural, que pertence à União, completamente devastada pelo uso recente de fogo.
Ao todo, foram cumpridos seis mandados de buscas e apreendidas 1,1 mil cabeças de gado, um veículo automotor, duas armas de fogo, entre outros itens relevantes para a investigação.
“As medidas visam não apenas identificar os responsáveis e financiadores dos ilícitos ambientais, mas também prevenir que novas ações criminosas sejam perpetradas na região amazônica”, informou a PF.
Na operação deflagrada no Distrito Federal, não houve prisão, apenas busca e apreensão. O alvo foi um homem de 36 anos, suspeito de começar o fogo que destruiu parte de uma área de proteção ambiental, em setembro.
Ele seria o condutor e proprietário do veículo utilizado para cometer o delito. Câmeras de vigilância da região registraram a atuação do suspeito, que estava com outra pessoa, ainda não identificada, durante o crime. Os dois foram vistos parando o carro e ateando fogo no local.
“Retaliação” ao governo Lula (PT)
Nas últimas semanas, a PF intensificou os esforços para identificar e responsabilizar os autores de queimadas criminosas. Uma das linhas das apurações é que parte dos incêndios seja motivada por uma “retaliação” ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem intensificado o combate aos crimes ambientais, como desmatamento e garimpo ilegal.
Há ainda a suspeita de que, em alguns casos, o fogo foi usado para criar novas áreas para grilagem. Em outra frente, especialmente em São Paulo, não se descarta que facções criminosas estejam por trás dos episódios e atuaram para causar o esgotamento das forças de segurança e gerar o caos no país.
Fonte: Valor Econômico 02/10/2024
por Iris Helena Gonçalves de Oliveira
Biblioteca/SJGO