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10/01/2008 17:58 -

Clean tinha Chico Ferreira e Marcelo Gabriel como “assessores”

Clean tinha Chico Ferreira e Marcelo Gabriel como “assessores”

O empresário Carlos Maurício Carpes Ettinger, dono da empresa Clean Service e um dos 18 denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por crimes descobertos pela Operação Rêmora, no final de 2006, confirmou nesta quinta-feira, em depoimento na Justiça Federal, que o empresário João Batista Ferreira Bastos, o Chico Ferreira, dono da empresa Service Brasil, e Marcelo Gabriel, filho do ex-governador Almir Gabriel, prestavam serviços para a própria Clean na condição de “contratados”.

Jorge Ferreira Bastos, irmão de Chico Ferreira, outro interrogado nesta quinta-feira, confirmou ter procurado o auditor do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) Luís Fernando Gonçalves da Costa para consultá-lo acerca de uma rescisão de contrato firmado entre a Service Brasil e a Prefeitura de Marabá. “Mas ele [Luís Fernando] não cobrou nada por isso. Foi apenas uma consulta que eu fiz, porque ele era na época o auditor que fiscalizava a Prefeitura de Marabá e eu já o conhecia quando ele era vice-presidente do Conselho Regional de Administração (CRA)”, acrescentou Jorge.

Carlos Maurício Ettinger, Jorge Ferreira Bastos e mais 16 pessoas são processados perante a 3ª Vara da Justiça Federal por vários crimes, entre eles os de falsidade ideológica, sonegação de contribuição previdenciária, advocacia administrativa, formação de quadrilha e fraude ao caráter competitivo de procedimento licitatório, em prejuízo da Previdência Social e da administração pública em geral. Entre os denunciados estão ainda o empresário Chico Ferreira – atualmente preso, após ser condenado a 80 anos de reclusão como mandante da morte dos irmãos Novelino – e Marcelo Gabriel.

“Assessoria” - “O Chico prestava serviços de assessoria comercial. Ajudava a buscar clientes e novas oportunidade de negócios para a Clean. E também indicava processos licitatórios que eram interessantes para a Clean participar. Marcelo Gabriel era nosso assessor de marketing e nos orientava sobretudo em relação a publicações em jornais”, informou Ettinger.

O empresário, que esteve entre os dez presos na Operação Rêmora, em novembro o ano passado, ressaltou durante o depoimento que nem Chico Ferreira, nem Marcelo Gabriel jamais tiveram qualquer participação societária na Clean. Assegurou ainda que Marcelo nunca se valeu da condição de filho do ex-governador Almir Gabriel para obter vantagens de qualquer natureza, inclusive em processos licitatórios.

Além de Carlos Maurício Carpes Ettinger e Jorge Ferreira Bastos, foram interrogados hoje pelo juiz federal da 3ª Vara, Leonardo Augusto de Almeida Aguiar, o contador Carlos Augusto Frederico Martin de Mello, irmão do ex-auditor fiscal do Instituto Nacional do Seguro Social Antônio Lúcio Martin de Mello; a empresária Fernanda Wanderley de Oliveira, sócia majoritária da empresa Amazon Construções e Serviços Ltda..

Carlos Augusto disse que seu irmão, como advogado, chegou a assinar alterações contratuais de empresas mesmo quando ainda era servidor do INSS. “Mas acredito que não houvesse incompatibilidade entre a atuação dele como advogado e o cargo de auditor do INSS”, disse o réu. Ele informou que conhecia Marcelo Gabriel “apenas de vista” e que nunca foi contratado para fazer qualquer serviço para Chico Ferreira. Garantiu ainda não ter conhecimento de que Chico tivesse alguma ingerência administrativa na empresa Tática, que atua na área de Segurança.

Doméstica - Fernanda Wanderley confirmou que 99% das cotas da empresa Amazon - vencedora de um processo licitatório na Universidade Federal do Pará (UFPA) - são dela e apenas 1% de sua sócia, Maria José, que chegou a trabalhar, até ser constituída a empresa, como empregada doméstica da própria Fernanda. A depoente negou que tenha utilizado, na licitação da UFPA, uma licença ambiental emitida em nome da Brasil Service, empresa de seu companheiro Antônio Ferreira Filho, que também está entre os denunciados pelo MPF.

“A Amazon teve a sua licença renovada pela Sectam. E se foi uma renovação, significa que a nossa empresa já possuía uma licença anterior”, argumentou Fernanda. Ela garantiu que não conhece Marcelo Gabriel. “Eu nunca o vi mais magro ou mais gordo”, afirmou. Quanto a Chico Ferreira, disse que o conheceu superficialmente apenas por participar de licitações e que ele nunca teve qualquer poder de gestão na empresa Amazon.

Último a depor, Jorge Ferreira Bastos explicou que, como assalariado da Service Brasil, atuava na área operacional, sobretudo no acompanhamento da execução de contratos, como o firmado entre a empresa e a Prefeitura de Marabá, motivo que o levou a procurar o auditor do TCM Luís Fernando Costa. Jorge Bastos queria rescindir o contrato porque, segundo disse, estava dando prejuízos para a Service Brasil. Resolveu, por isso, procurar o auditor, que lhe prestou as orientações necessárias para que se formalizasse a rescisão.

Jorge Bastos disse não ter conhecimento de que Luís Fernando tenha, alguma vez, feito intermediações para assegurar a participação das empresas de Chico Ferreira em processos licitatórios. Acrescentou que Marcelo Gabriel não tinha qualquer participação no controle societário da Service Brasil e que nunca teve conhecimento de que Chico Ferreira fosse sócio em outras empresas, como é caso da Brasil Service ou da Clean Service.

Os depoimentos vão prosseguir na próxima terça-feira, 15. Serão interrogados José Clóvis Ferreira Bastos (outro irmão de Chico Ferreira), Haroldo Pinto da Silva Júnior, Luís da Silva Sá Filho e Maria do Socorro Bastos de Oliveira.

Para o dia 17, estão marcados os interrogatórios de Miguel Tadeu do Rosário Silva, Roberto Cruz da Silva, Rogério Rivelino Machado Gomes (auditor do TCM) e Thaís Alessandra Nunes de Melo. Luís Fernando Gonçalves da Costa será ouvido no dia 22 de janeiro. Dois dias depois, haverá o depoimento de Marcelo França Gabriel. Chico Ferreira vai ser ouvido por último, no dia 29 de janeiro.


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