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14/10/2003 14:57 -

Juiz nega soltura de um dos homens mais temidos da região do Xingu

Juiz nega soltura de um dos homens mais temidos da região do Xingu

Por determinação do juiz federal Gláucio Maciel Gonçalves, em exercício na vara de Marabá, a Polícia Federal prendeu Aldimir Lima Nunes, o “Branquinho”, apontado como um dos homens mais temidos da região do Tocantins e da região do Xingu, no sul do Pará. A defesa do acusado ingressou em juízo com um pedido de revogação da preventiva, mas o magistrado negou, sob o fundamento de que ele já demonstrou a "intenção de furtar-se às chamadas da Justiça" e por entender que é evidente a periculosidade de “Branquinho”.

Juntamente com Francisco Ferreira, ele é acusado, segundo denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal, de integrar quadrilha que se reuniu para praticar os diversos crimes de grilagem terras públicas e contratação de "gatos" para aliciar trabalhadores sujeitos à condição análoga a escravo. Os dois também são acusados de furto de madeira, de expor a vida e a saúde de pessoas a perigo, de omissão de socorro, de causar poluição mediante a destruição de floresta de preservação permanente, de falsificação de documento previdenciário e sonegação de contribuição previdenciária.

Em sua decisão, o magistrado menciona que um homem de prenome Manoel e Francisco Sérgio da Silva Siqueira, gerentes das fazendas "Lagoa das Vacas" e "Saco Verde", também foram acusados pelos mesmos crimes, o mesmo se dando com relação a Zé Roque e Raimundo Nonato, estes últimos responsáveis por comandar e coordenar o sistema de barracão e das cantinas, nos quais se utilizam as cadernetas para o controle do endividamento dos trabalhadores reduzidos à condição análoga a escravo.

O Ministério Público Federal informou ao juiz que em duas ocasiões distintas – outubro de 2002, em Ananás (TO), e junho de 2003, em São Félix do Xingu, no Pará –, adotou providências para responsabilizar criminalmente Aldimir. Acrescentou que, desde o início das investigações dos inúmeros supostos crimes por ele praticados, o procurador da República Mário Lúcio de Avelar, o Frei Xavier Plassat, da Comissão Pastoral da Terra, e os agentes da referida comissão, Silvano Rezende e Edmundo Rodrigues Costa, bem como o trabalhador rural Jair Matos de Alencar, vêm sofrendo ameaças de morte. A execução de atos concretos nesse sentido foi constatada em dezembro de 2002, junho e julho deste ano.

Diante desses fatos, o Ministério Público Federal requereu a decretação da prisão preventiva de Aldimir Lima Nunes. Segundo o MPF, "Branquinho" também praticou o crime de ameaça de morte contra Carlos Magno Delegado Costa de Oliveira, encarregado da delegacia de Polícia Civil de Ananás (TO). Carlos Magno contou que, enquanto lavrava o auto de prisão em flagrante de Rosenir Soares Leitão, empregado de "Branquinho", este compareceu, juntamente com o prefeito do município, solicitando que não autuasse Marcelo e lhe devolvesse a arma, uma Magnum 357 que estava em poder de Leitão. O delegado se recusou a liberar Marcelo. Na ocasião, Aldimir o ameaçou, dizendo que se o encontrasse na rua, ele e seus vaqueiros iriam colocar todos no chão.

O MPF indicou ao juízo que Aldimir tem maus antecedentes e está respondendo a ações penais em Fortaleza (CE), por roubo e homicídio, e em Ananás, sendo que, nesta comarca, constam oito delas, sendo três por homicídio, duas por porte de arma simples e duas por porte de arma e receptação. Ao decretar a preventiva, o magistrado referiu-se a "Branquinho" como "pessoa altamente violenta, com liderança na cidade de Ananás, inclusive para intimidar todos os que lá residem, que têm muito medo dele, inclusive porque têm empregados próximos violentos, condenados pela justiça".

Gláucio Maciel destaca que a prisão preventiva é necessária, tanto para garantir a ordem pública quanto por conveniência da instrução criminal, porque "Branquinho", além de ser muito próximo ao crime, comanda jagunços na região e tem praticado um crime atrás do outro. A preventiva, no entender do magistrado, servirá "para prevenir a reprodução dos crimes e para acautelar o meio social e a credibilidade das instituições, já que a ameaça a membro de Poder, encarregado da persecução criminal, é gravíssima."


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