A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira, em Santarém, por determinação da 3ª Vara da Seção Judiciária do Pará, especializada em ações criminais, o casal Mussolini Corrêa de Amorim e Gabriela Costa de Siqueira, que seria sua namorada. Eles são acusados de oferecer propinas para viabilizar a liberação de Planos de Manejo Florestal Sustentável na região oeste do Estado. Os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz federal substituto da 3ª Vara, Leonardo Augusto de Almeida Aguiar.
No pedido de prisão preventiva, a PF informou ao juiz que as investigações sobre o casal foram iniciadas à época em que Marcílio de Abreu Monteiro, atual secretário de Estado de Projetos Estratégicos (Sepe), era gerente executivo no Pará do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Segundo a Polícia Federal, Marcílio Monteiro disse ter sido informado por pessoas ligadas ao setor madeireiro, em especial o empresário José Ângelo Scaramussa, que alguém de nome Amorim, fazendo-se passar por advogado, ligava para madeireiros pedindo dinheiro em troca da aprovação de projetos de manejo florestal perante o órgão ambiental, dando como garantia da aprovação o fato de que seria amigo do então gerente do Ibama.
Em depoimento na PF, o empresário José Ângelo Scaramussa confirmou que, num contato pessoal, Amorim se identificou como cunhado do então gerente do Ibama e disse que, mediante entrega de quantia em dinheiro, poderia agilizar a aprovação do plano de manejo florestal. Os valores recebidos - segundo o acusado teria dito ao empresário - destinavam-se a Marcílio Monteiro.
Carteira falsa - Além desse depoimento que confirma as acusações, a Polícia Federal fez uma busca na residência do casal e apreendeu diversos documentos relacionados a projetos florestais, além de uma falsa carteira do Ibama em nome de Amorim. A PF também descobriu indícios de que os dois acusados estariam aplicando outros golpes, sendo que num deles Amorim se apresenta como gerente da Caixa Econômica Federal e num outro se faz passar como policial civil ao Diretor do Hospital Regional do Oeste do Pará, para depois se apresentar como funcionário daquele hospital a outras pessoas.
O juiz federal se disse convencido de que o casal tem aplicado golpes sucessivos – e alguns deles ao mesmo tempo -, “não havendo registro do exercício de qualquer emprego ou outra atividade remunerada por parte de Amorim, daí ficando claro que seu sustento é extraído do crime”. Além disso, complementou o magistrado, “minha convicção [da ocorrência de crime] também decorre dos registros nos autos de que, em algumas ocasiões, Amorim chega a ameaçar pessoas, além de ofendê-las, como se pode ver em diversos depoimentos.”