A Justiça Federal manteve, nesta segunda-feira (23), uma tradição que já remonta há 15 anos, ao receber em suas dependências, em Belém, a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré. O evento reuniu no auditório da Seção Judiciária do Pará (SJPA) magistrados, servidores, estagiários, terceirizados e seus familiares, que participaram do Rito da Bênção, conduzido pelo padre Eloi Wayth, auxiliado pelo diácono Paulo Galende.

Saudada pela banda do Corpo de Bombeiros Militar do Pará, sob a regência do subtenente Oliveira, a Imagem Peregrina foi entregue pelo diretor-coordenador da Diretoria da Festa de Nazaré (DFN), Antônio Massoud Salame, ao diretor do Foro, juiz federal Domingos Daniel Moutinho da Conceição Filho, que a conduziu até o auditório. Também estiveram presentes na SJPA, representando a DFN, os diretores de Evangelização, Jorge Rezende e João Paulo Mendes Neto, além do diretor Jurídico, Sérgio Oliva Reis.

O Rito da Bênção também contou com a participação do Madrigal Vitória-Régia, regido pelo maestro Elias Carvalho, do diácono Pedro Henrique Viera (cantor) e do tecladista Diego Barros. Ao término da visita, a Imagem foi levada de volta até o veículo da Diretoria da Festa de Nazaré pela juíza federal Carina Cátia Bastos de Senna, que integra a Comissão Organizadora do evento.

Oração e interação - Referindo-se à passagem do Evangelho em que Mateus (6, 7-15) diz aos discípulos para rezarem com palavras simples e lhes ensina a oração que depois passaria a ser denominada de “Pai Nosso”, padre Eloi ressaltou que a presença da mãe de Jesus na Justiça Federal, representada pela Imagem Peregrina, “nos sugere o mesmo sentido do texto evangélico de hoje. Mostra a nós a necessidade de interagirmos, olharmos um para o outro e vivermos na perfeita comunhão entre Deus e a humanidade”.

O sacerdote observou que o cenário atual no mundo “é o pior possível, com fome, doença, fogo pra todo lado e calor que ninguém aguenta mais”, mas esses obstáculos remetem à figura histórica de Maria. “Ela foi a mãe de bem com a vida. Mesmo com as dificuldades, Ela traduziu tudo aquilo de melhor para, neste tempo que estamos vivendo, nos remetesse ainda à perspectiva histórica de Nossa Senhora, sempre ao lado ao seu Filho, sobretudo nas adversidades”, reforçou o padre.

“Deus escolheu Maria para ser a mãe de Jesus de um modo genial, de um modo espetacular, aquela que seria verdadeiramente a tradutora do Espírito Santo. Ela foi a maior graça que Deus poderia colocar em nosso meio, porque Nossa Senhora carrega a presença do Espírito Santo. E olhando os fatos históricos, a gente percebe que, durante todo o tempo de Jesus, quem era que estava ao seu lado, quem era que o estava acompanhando? A Mãe”, acrescentou o sacerdote.

Devoção - O juiz federal Domingos Daniel Moutinho parabenizou todos os integrantes da Comissão Organizadora pela presença da Imagem Peregrina na Justiça Federal, neste período que antecede o Círio. Ressaltou que esta não foi a primeira vez que levou a imagem da entrada do prédio até o auditório, mas disse que esse ato sempre lhe desperta emoções renovadas, sobretudo por sentir bem de perto a devoção de magistrados, servidores, terceirizados e jurisdicionados no momento em que a imagem que representa Nossa Senhora de Nazaré visita as instalações da Seção Judiciária do Pará.

“Estive muito atento às leituras das últimas missas e parece que nós temos dificuldades para perceber que o nosso Deus não é um Deus épico, é um Deus pobre, que nos ensina a humildade, a simplicidade e a pobreza quase todo dia”, acrescentou o magistrado. Domingos Daniel aproveitou para ler o trecho da Exaltação Apostólica Evangelii Gaudium (“Alegria do Evangelho”), de 2013, em que o Papa Francisco discorre sobre o Evangelho no mundo atual. “Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura. Ela é a serva humilde do Pai, que transborda de alegria no louvor. É a amiga sempre solícita para que não falte o vinho na nossa vida. É aquela que tem o coração trespassado pela espada, que compreende todas as penas. Como Mãe de todos, é sinal de esperança para os povos que sofrem as dores do parto até que germine a justiça”, diz parte do trecho da Exortação lida pelo magistrado.

A Comissão Organizadora, presidida pela servidora Carol Marques Medrado Damasceno, disse que teve o apoio dos servidores da Caixa Econômica Federal, magistrados e de várias pessoas que se dispuseram a ajudar, o que foi fundamental para que a visita da Imagem Peregrina se realizasse com todo êxito. O valor arrecadado com doações deverá ser revertido em favor da Casa da Sopa, obra filantrópica administrada por padre Eloi Wayth há vários anos e que distribui 3 mil pratos de sopa diariamente para pessoas carentes, além de cestas básicas, oferecendo ainda tratamento médico e odontológico, dentre outros serviços.

Também integram a Comissão a juíza federal Carina Cátia Bastos de Senna e os servidores Paulo Alex da Costa Pena, Valéria Sousa dos Reis Cerqueira,  Esther Dolores de Parijós Galende (aposentada),  Keila Viviane Vilar de Paiva, Paulo Vicente Fernandes Galende, Suellen Polaro Franco David, Clodoaldo Lima Souza, Patrícia Santos Ribeiro Titan, Shirley Rosianne Maria Paes da Consolação Iúdice, Roberta Medeiros de Rezende, Silvia Mary Cardoso de Almeida (aposentada), Mônica Genú Soares e Paulo Sérgio Pôrto Bemerguy.

Patrimônio cultural - Realizado pela primeira vez no ano de 1793, o Círio acontece no segundo domingo de outubro e tem reunido nos últimos anos mais de 1,5 milhão de pessoas, conforme levantamentos que têm sido feitos pelo Departamento Sindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese-PA). Além de seu significado religioso, a procissão também reúne elementos que já se inscreveram entre algumas das maiores manifestações culturais do Estado e do País.

Em setembro de 2004, o Círio de Nazaré foi registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio cultural de natureza imaterial. Em dezembro de 2013, a romaria foi incluída na lista de Patrimônio Cultural da Humanidade, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), conforme decisão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial.