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13/03/2014 18:19 - INSTITUCIONAL

Homenagem ao desembargador federal Leomar Amorim

Leomar Amorim foi o guerreiro que venceu a morte. Talvez o caso dele seja único na história da medicina. Depois da descoberta da doença no pâncreas conseguiu sobreviver durante sete anos. Frise-se que no período exerceu as funções de Conselheiro do CNJ, em uma demonstração da boa qualidade de vida em grande parte do tempo em que enfrentou a enfermidade.


Certa vez, ele me deu a fonte de sua inspiração para enfrentar tão grande desafio: os ensinamentos de Deus contidos na Bíblia. Ele me indicou, ao fazer a observação de que devemos lutar contra as potestades espirituais da maldade, que ele seguia a orientação contida na Carta de São Paulo aos Efésios, capítulo 6, versículos 6-12:


“Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça;
E calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;
Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos”.


Leomar Amorim era meu amigo. Nossa amizade se estendia às nossas famílias. Graça é muito amiga de minha esposa Monica. Nossos filhos são amigos.


Em um de tantos episódios desta convivência, lembro-me bem de quando, na residência de um amigo comum, em um domingo, o Salomão, meu filho mais novo, então com dois anos de idade, e que aprendera a nadar ainda antes do primeiro aniversário, pulou na piscina e começou a mergulhar. Leomar, imaginando que o menino se afogava, caiu na água de roupa e tudo, molhando todos os documentos. Salomão, impressionado com a cena, disse: - Tio Leomar, porque o senhor está tomando banho de roupa e tudo?
Os amigos eram tratados por Leomar de forma inigualável. Ele sempre apoiava e estava junto de seus amigos nas suas lutas. Para Leomar, quanto mais fortes fossem e melhores posições alcançassem, mais forças teriam. Todos subiam juntos, de braços dados, unidos.


Josué Montello, em seu Diário da Noite Iluminada, falou a respeito de Carlos Drummond de Andrade: “Drummond deu à sua coletânea o título exato. A lição do Amigo. E amigo com algo de paternal, como é sempre a verdadeira amizade. Querendo advertir, ensinar, chamar a atenção, mas sem dar ar de mestre-escola, sempre no tom de companheiro. Mais afetivo que persuasivo. Mais generoso que doutrinador.”


Poeta latino americano de grande respeito foi o argentino Jorge Luís Borges, que escreveu a respeito de ser amigo:
“Suas alegrias, triunfos, sucessos e felicidades não me pertencem, mas
Seus risos e sorrisos fazem parte de meus maiores bens
Não é de minha alçada as decisões que toma,
Mas eu posso apoiar, encorajar ajudar se me pedir”


Do vasto currículo de Leomar, além de ter sido juiz federal no Maranhão, Desembargador Federal do Tribunal da Primeira Região e Conselheiro do CNJ, quero destacar o seu livro: a Produção Normativa do Poder Executivo. Não pelo livro em si, mas pelas condições nas quais foi produzido. Ele é fruto de sua dissertação de mestrado realizado em Portugal, para onde viajou com Graça e seus quatro filhos.


Na apresentação da obra, a primeira homenagem prestada foi ao seu saudoso pai, Leonel Amorim, advogado provisionado em Itapecuru, educador de primeira grandeza, de quem Leomar recebeu os ensinamentos de honradez, probidade, amor à família e aos estudos.


Depois, referiu-se às três mulheres de sua vida, Dona Rosário, a mãe, Graça Amorim, a esposa, e Dona Sônia, a sogra.


Pelos filhos, nutria um amor desmedido, sobre eles falou: Guilherme, o transgressor puro; Gustavo, o transgressor racional; Gabriel, o passional; Geovanne, o transgressor passional prudente, o “mais pequeno”, em alusão à maneira portuguesa de se falar o menor. Agora, fazem a segunda geração, os netos Gabriela, filha de Gabriel, e Guilherme Patrício, filho de Guilherme.


A vida de Leomar foi um exemplo a ser seguido por todos. Com certeza, as palavras bíblicas contidas na Segunda Carta de São Paulo a Timóteo, capítulo 4, versículos 5 a 8, representam bem isso. Disse São Paulo:
“Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.
Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.”


Leomar Amorim se despede de sua passagem terrena como um homem virtuoso, um magistrado exemplar, um pai de família amoroso e um grande amigo. Que Deus o tenha em um bom lugar. Ele fez por merecer.

Roberto Veloso

juiz federal titular da 1.ª Vara da Seção Judiciária do Maranhão


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