Como produzir dados de qualidade que sirvam como base na construção de uma Inteligência Artificial (IA) eficiente. Esse foi o assunto da palestra virtual ministrada pelo professor doutor Dalton Lopes Martins nessa segunda-feira, dia 27 de julho, para público interno do Tribunal e também externo, pela plataforma Teams e YouTube.

O evento, promovido pela Divisão de Gestão de Informação, Jurisprudência e Biblioteca do TRF1 (Digib), foi aberto pela diretora da unidade, Marília Mello, que destacou a importância da realização da palestra. "A IA é uma realidade no Poder Judiciário brasileiro em diversos tribunais que estão adotando essa tecnologia com um único objetivo: garantir o acesso à Justiça por meio do julgamento célere dos processos judiciais”, afirmou a diretora.

Durante a apresentação, o doutor Dalton Lopes Martins detalhou como produzir dados (big data) a fim de se extrair o melhor conteúdo para a criação de uma base informacional eficaz. Ele, que coordena o projeto de pesquisa Tainacan - software para repositório digital para organização, gestão e difusão de acervos digitais em rede -, explicou o funcionamento dessa ferramenta, que, a partir do reconhecimento e da reconciliação semântica de textos, pode gerar, automática e semiautomaticamente, metadados.

A partir da contextualização do tema, o palestrante ressaltou as principais dificuldades para se criar um banco de dados eficiente a ser usado por uma ferramenta de IA. Para o professor, a sociedade percebe uma sobrecarga informacional, com dificuldades de formatar documentos e de realizar uma busca. Portanto, a recuperação da informação ou a procura por um conceito são questões que criam problemas constantes na digitalização de documentos.

Segundo Dalton, uma maneira de solucionar esses problemas é utilizar os princípios Fair, de organização dos objetos digitais, que são quatro: Findable, que, na sigla em inglês, se explicaria como uma informação "achável", ou seja, localizável; Accessible - essa mesma informação deve estar acessível; Interoperable (interoperável) - dados que devem utilizar vocabulários compartilhados e estarem semanticamente acessíveis pela máquina - e Reusable, relacionado à possibilidade de reuso dessas informações.

“Esses princípios podem ser implementados a partir de uma compreensão dos objetos digitais em camadas”, explicou o professor. De acordo com o palestrante, a ideia é ampliar a capacidade de se extrair valor dos objetos digitais (dados), ou seja, organizar um fluxo de trabalho com diversas camadas de informação, incluindo uma base de conhecimento semântica, que dará maior capacidade de identificação do objeto digital, criando, assim, “um modelo de qualidade da informação para o desenvolvimento de uma ferramenta de IA”.

Após a criação dessa base de dados, “os objetos digitais serão inseridos na máquina e, a partir de um algoritmo, fará a seleção e processamento de uma informação”, explicou o professor. Ele ressaltou, ainda, que “quando a big data não é tratada da maneira adequada, pode gerar problemas no resultado”.

Em seguida à exposição do professor, o chefe da Assessoria de Projetos de Suporte e Fomento à Atividade Judicial (Asfaj) e também gerente do Projeto Alei (Análise Legal Inteligente) do TRF1, José Pimenta Ferretti da Costa, mediou uma rodada de perguntas com o palestrante.

Ferretti iniciou a fala dele destacando o desenvolvimento da ferramenta de IA do TRF1, Alei, que, depois de concluída, será capaz de identificar precedentes do Tribunal e das cortes superiores e, futuramente, sugerir propostas de minutas baseadas em acórdãos já consolidados do órgão. Ele também reforçou a importância da construção de uma base de dados eficiente que contemple o projeto.

“A customização desses processos é um grande desafio que vivemos diariamente no TRF1, a palestra foi extremamente esclarecedora”, ressaltou Ferretti.

Ao fim da rodada de perguntas, o professor Dalton encerrou sua apresentação agradecendo a todos pela participação e parabenizando o TRF1 pela iniciativa e pelos projetos que a Corte vem desenvolvendo na área de IA. “Certamente vocês são pioneiros e inovadores nesse tema”, concluiu o palestrante.

A palestra está disponível no canal oficial do TRF1 no YouTube e pode ser assistida clicando aqui.

Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1ª Região