Na última sexta-feira, 16 de dezembro, o Centro Judiciário de Conciliação da Seção Judiciária do Distrito Federal (Cejuc/SJDF) convidou a escritora moçambicana Paulina Chiziane para uma roda de conversa, à luz do tema “O mito da modernidade a partir da África”.
O evento faz parte da campanha "21 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as mulheres" e contou com a participação da desembargadora federal Gilda Sigmaringa Seixas, Presidente da Comissão TRF1 Mulheres, da juíza federal Rosimayre Gonçalves, coordenadora do Cejuc, e da professora Maria Tarrega Vidotte.
Iniciando a roda de conversa, a desembargadora Gilda Sigmaringa leu a biografia de Paulina e destacou que a moçambicana foi a primeira mulher escritora, com nove livros publicados e diversos prêmios de reconhecimento. “É uma mulher muito forte, de muita determinação e que nos prestigia com sua presença” pontuou.
Com a palavra, a escritora declarou que quando publicou o primeiro livro duvidaram que era um romance, porque acreditavam que mulheres só tinham capacidade para escrever poemas de amor, mas ela diz que se sente como raiz de bambu: “quando se corta, ela se esconde e brota onde menos se espera. Se eu, mulher, tivesse que enfrentar a porta da frente, seria difícil, mas eu utilizei estratégias para mostrar o valor do meu trabalho”.
A juíza federal Rosemayre agradeceu a presença da autora e pontuou que “a Justiça do século 21 é a Justiça do diálogo, da integração e do respeito”. “São esses vetores que nos guiam, aqui, no Cejuc” afirma.
Paulina conta que com relação à Justiça, Moçambique tem bons instrumentos legais e leis, mas faltam programas que tenham a ver com a cultura, religião e crenças para mudança. Detalha ainda que muitas mulheres não têm acesso às leis - primeiro por conta da divergência da língua portuguesa e nativa e segundo por conta do preconceito. A mulher não pode falar em público e, por serem simples, muitas vezes se sentem constrangidas por estrarem em um Palácio, por exemplo. “É uma revolução que deve ser feita, a partir da raiz” enfatiza.
A desembargadora federal Gilda pontuou que Paulina tem uma responsabilidade muito grande com o povo e perante as mulheres de Moçambique: “com o seu protagonismo, você externou suas ideias e, com isso, começará um movimento de socialização e empoderamento dessas mulheres” ressalta.
Finalizando a roda de conversa, a juíza Rosimayre destacou que o bate-papo foi enriquecedor, com mensagens profundas, humanização da justiça e presenteou a convidada: “leve para seu país e lembre que aqui, há pessoas que acalentam sentimento de amor pelo seu trabalho e pela sua pessoa”.
Biografia de Paulina Chiziane - a escritora nasceu em Manjacaze, em Moçambique, mas cresceu na cidade de Maputo. Começou os estudos de linguística na Universidade de Eduardo Mondlane. Em sua juventude participou ativamente do cenário político de Moçambique e acabou deixando o ativismo para dedicar-se à escrita.
TS
Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1ª Região