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30/06/2023 08:50 - INSTITUCIONAL

Práticas exitosas na gestão de precedentes são debatidas em encontro da Reint1

INSTITUCIONAL: Práticas exitosas na gestão de precedentes são debatidas em encontro da Reint1

Uma boa gestão de precedentes pode levar ao aprimoramento significativo do serviço prestado no Poder Judiciário, principalmente no que diz respeito a dar melhor e mais célere andamento ao expressivo volume de processos que congestionam os tribunais do País. Com essa perspectiva em foco, a Rede de Inteligência da 1ª Região (Reint1) recebeu, na última terça-feira, dia 27 de junho, o assessor-chefe do Núcleo de Gerenciamento de Precedentes e de Ações Coletivas do Superior Tribunal de Justiça (NUGEPNAC/STJ) Marcello Ornellas Marchiori, para apresentar aos magistrados e servidores a experiência exitosa do Tribunal Superior na gestão de precedentes.

O tema é de extrema relevância na 1ª Região, em especial pela avalanche de processos que são recebidos no âmbito do Tribunal e das Seções e Subseções Judiciárias a ele vinculadas, conforme apontou o coordenador-geral da Reint1, desembargador federal Carlos Augusto Pires Brandão. A questão reforça a importância de se receber o convidado Marcello Marchiori, cuja experiência na área é extensa, sendo ele responsável atualmente pelo gerenciamento dos precedentes no STJ e também tendo exercido função semelhante no Supremo Tribunal Federal (STF).

O assessor-chefe do NUGEPNAC do STJ concentrou a exposição do dia nas práticas do núcleo de gerenciamento e também da experiência do Tribunal Superior com uma Assessoria de Admissibilidade. O objetivo, reforçou Marcello Ornellas, era dar a conhecer aquelas ações que posteriormente pudessem ser adequadas e repensadas para aplicação no âmbito do TRF1.

Ao iniciar sua apresentação, Marcello Ornellas apresentou dados públicos sobre as estatísticas processuais do STJ, referentes ao ano passado: em 2022, o Superior Tribunal de Justiça recebeu 404.775 mil processos e caminha para receber, neste ano de 2023, cerca de 460 mil. “Um número gigantesco e até estranho para uma corte superior, mas que reflete a tramitação processual que temos no Brasil”, afirmou.

Com o imenso volume de ações que chegam ao Tribunal, o STJ conseguiu, no último ano, cumprir a meta 1 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e julgar mais processos do que recebe. E das medidas para garantir a capacidade de responder à intensa demanda, duas receberam destaque: a triagem parametrizada com automação de minutas e uso de Inteligência Artificial.

Triagem parametrizada com automação de minutas - A triagem parametrizada com automação de minutas, explicou Marcello Ornellas, consiste basicamente em uma prática que visa qualificar o recebimento dos processos, antes mesmo de eles serem distribuídos no STJ para julgamento. Por meio dessa qualificação, é possível adotar práticas para solução mais célere. “A gente percebeu que, do grande volume desses processos, uma grande parte [mais de 70%] exigiria uma atuação de menor complexidade”, relatou o assessor-chefe do NUGEPNAC.

Antes de serem distribuídos aos demais ministros do STJ, os processos vão primeiro à Presidência do STJ - e ali, é realizado um processo de trabalho específico, atualmente com automação, que permite eliminar boa parte desses processos de baixa complexidade.

Em síntese, trata-se de uma triagem, baseada em alguns questionários, alguns de base mais objetiva e outros que demandam algum maior aprofundamento, que auxilia na qualificação célere desses processos. Com a ajuda da tecnologia, foi possível ainda automatizar aqueles que, posteriormente, pudessem ainda ser encaminhados para julgamento da Presidência - que recebe, por automação, sugestões de minutas vinculadas aos processos triados.

É dos questionários que são extraídas, pela leitura humana, as informações necessárias para que, de maneira organizada, a(o) presidente do STJ resolva os casos de baixa complexidade. E é a Assessoria de Admissibilidade que se responsabiliza por essa análise.

Essa metodologia de trabalho foi vencedora do prêmio Innovare em 2016, na categoria Tribunal. Outras informações sobre a prática estão disponíveis no site do Innovare, bastando pesquisar por “Triagem parametrizada” para ver os detalhes da ação.

Inteligência Artificial - Um outro passo adotado pelo STJ para melhor gerir os precedentes foi aderir ao uso da Inteligência Artificial, principalmente no agrupamento de processos semelhantes, que racionaliza, de maneira especial, a formação de precedentes qualificados para os recursos repetitivos, mais eficazes que os questionários que auxiliam no julgamento de processos pela presidência do STJ.

Na oportunidade, Marcello Marchiori apresentou o fundamento principal por meio da IA “Athos” e também do sistema Sócrates, muito famoso no Tribunal Superior.

Basicamente, tratam-se de poderosas ferramentas para localizar processos semelhantes e agrupá-los, evitando ainda agrupar aqueles processos que não apresentem semelhanças. Um importante detalhe no uso dessa inteligência artificial, apontou o assessor-chefe do NUGEPNAC, é que a leitura realizada considera não apenas as palavras literais, mas também o contexto em que elas estão, garantindo assim maior precisão no agrupamento.

“Na gestão de processos o ideal é focarmos na produtividade mas também na formação de precedentes. No âmbito do TRF 1ª Região o principal seria trabalhar um Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDRs)”, sugeriu Marcello Marchiori.

Aplicabilidade na 1ª Região - Coordenando a última reunião, o desembargador federal Roberto Veloso, que durante muito tempo esteve à frente do Núcleo de Precedentes da 1ª Região, reforçou que o julgamento dos IRDRs são um desafio não só para o TRF1 como também para os outros tribunais. Ele lembrou que também o Tribunal têm buscado soluções para a gestão dos precedentes, incluindo o uso da Inteligência Artificial como o sistema ALEI, desenvolvido junto à Universidade de Brasília.

As ferramentas desenvolvidas para identificação de processos por temas nesse sentido são importantíssimas, ressaltou ainda Roberto Veloso, fazendo referência também ao Lary, desenvolvido e utilizado no Tribunal de Justiça do Paraná.

Antes de ser encerrada a reunião, também o corregedor regional da 1ª Região, que faz parte da coordenação temática da Reint1, salientou a importância da discussão considerando a potencialidade em um Tribunal de Segunda Instância. “Não apenas para melhorar a primeira instância, mas também como um instrumento para agilizar os julgamentos no nosso Tribunal”, reforçou.

AL

Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1ª Região


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