Segundo o juiz federal Alexsander Kaim Kamphorst, um entre os 50 aprovados no último concurso, discutir o tema é de fato essencial para o exercício da carreira, pois todos vivenciam a realidade dos relacionamentos interpessoais no ambiente de trabalho.
“Ter essas orientações, no sentido de boas práticas que possam ser implementadas na rotina de uma unidade, é positivo para que haja o cumprimento de finalidades, de objetivos, e principalmente de uma convivência harmoniosa entre magistrados, servidores e demais atores dos processos”, afirmou o juiz Alexsander.
Debatendo casos e relatos
Presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), o juiz Caio Marinho apresentou relatos e casos reais de situações e processos de assédio envolvendo magistradas e magistrados, ressaltando a importância de comunicar essas situações para ajudá-los a compreender as experiências trazidas e os desafios de cada caso.
“Hoje, como presidente da Ajufe, consigo ter contato com esses desafios não só pela experiência de trabalho, de ter uma equipe, mas também acompanhando em nível nacional como esses desafios se apresentam nas diferentes regiões”, contou. “Nós temos um país muito extenso, seis regiões com realidades diferentes, e a experiência na vida associativa junto a questões que outros colegas de outras regiões vivenciam são essa rica possibilidade de trazer isso para debate”, disse.
Acerca desses desafios, o juiz lembrou que, apesar do tema do assédio e da discriminação não ser inédito, é preciso sempre melhorar e há uma preocupação institucional de o tribunal avançar.
“Temos ampliado muito os canais e as formas de receber as denúncias. Temos buscado evoluir na forma como nós fazemos o acolhimento e instruímos esses processos para dar o melhor encaminhamento, de forma a não revitimizar as pessoas que passaram por esse tipo de situação e garantir uma responsabilização proporcional”, afirmou, concluindo que essa oportunidade do curso de formação vai permitir ainda, para as juízas e os juízes, um conhecimento mais pleno dos desafios que enfrentarão quando entrarem no exercício da magistratura.
Estratégias para ambiente de trabalho saudável
Durante a formação, a presidente da Comissão de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, do Assédio Sexual e da Discriminação no TRF1, a desembargadora federal Ana Carolina Roman, aproveitou a oportunidade para compartilhar algumas estratégias para tornar o ambiente de trabalho mais saudável.
Com base na própria experiência na magistratura, destacou o papel da clareza na construção de metas, divisão de tarefas e funções e demais solicitações próprias de cada trabalho para garantir o entendimento de todos.
“Quando a gente fala de assédio, especialmente no caso do assédio moral no ambiente de trabalho, a gente está falando principalmente de desacordos. É claro que existem esses pontos foras da curva, e fatos de abusos, mas, na grande maioria das vezes, a gente tem desacordos seja por parte do gestor, seja por parte dos geridos”, afirmou.
Ela destacou ainda que, no caso do tribunal, é a Comissão de Assédio que tem a responsabilidade dar andamento a eventuais denúncias, e que tanto a Resolução de Assédio do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) quanto as normativas do TRF1 são focadas em levar os casos para a mediação, conciliação e restauração. “Exatamente por entender que existe, na maioria das vezes, um dissenso que precisa ser solucionado”, frisou.
Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1ª Região