Todo esse trabalho inclui reuniões com os órgãos públicos responsáveis, como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), entre outros. “Trazemos todos os chamados atores para que possamos chegar a um consenso que não vá gerar mais problemas, inclusive, de ordem de violência. Por isso é tão importante a colaboração dos entes públicos”, concluiu.
Segundo a desembargadora federal Maria do Carmo Cardoso, um primeiro mapeamento dos conflitos fundiários já foi realizado pelo grupo com todas as seções judiciárias da 1ª Região. “Hoje nós temos em média 720 processos que estão pontuados [como conflitos fundiários]”, afirmou a magistrada, esclarecendo que esse primeiro número mostra um quadro, mas não inclui todas as ações – e a probabilidade é que haja ainda mais processos nessa condição.
Conciliação
A Comissão Regional de Soluções Fundiárias atua sob o “guarda-chuva” da conciliação. Sobre esse aspecto falou a integrante da comissão, juíza federal Rosimayre Gonçalves de Carvalho, que é também coordenadora do Centro Judiciário de Conciliação (Cejuc) da SJDF.
“No caso dos conflitos fundiários, a experiência de todos aqueles que trabalham com o tema e são apaixonados pela solução desses conflitos que tanto atormentam a realidade brasileira é a de que a mediação é a única porta que o Judiciário oferece que traz uma solução efetiva, pacífica, agregando valores considerados fundamentais nessa estruturação de estado”, enfatizou a juíza Rosimayre. “E o diálogo é a forma de efetivar essa mediação”, acrescentou.
O trabalho da conciliação nos conflitos fundiários não é novo no TRF1, que há anos atua nessa linha de solução. A novidade com a ADPF 828 foi a determinação de estruturar, institucionalmente, essa atividade que já vinha sendo realizada. “A partir de agora, todos os tribunais vão trabalhar com essa ferramenta e ela será permanente, contínua, com estruturação, com formação, com grupos da sociedade participando, interagindo, dando vozes àqueles que serão atingidos pelas decisões judiciais. [Assim] você então tira o peso do cumprimento de decisões e passa a trabalhar no canal do diálogo com a própria comunidade que vai sofrer todas as consequências das decisões judiciais”, explicou a magistrada.
A estrutura das comissões segue um modelo parecido com uma organização piramidal. No topo da pirâmide está a comissão nacional do Conselho Nacional de Justiça, e logo depois vêm as comissões de regionais de cada tribunal, tanto estaduais quanto federais. No caso do TRF1, é o Sistema de Conciliação da 1ª Região (Sistcon1), hoje coordenado pela desembargadora federal Maria do Carmo Cardoso, que centraliza as ações da Comissão Regional de Soluções Fundiárias.
A partir do fluxograma criado na última reunião, cada integrante da comissão ficará responsável por uma região que abarca determinados estados. Com essa responsabilidade, o membro da Comissão de Soluções Fundiárias poderá pontuar junto aos magistrados aqueles casos que mais necessitem de apoio.