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12/11/2024 16:53 - INSTITUCIONAL

Mês da consciência negra: 1º Circuito Equidade Racial no TRF1 debate a busca por igualdade de oportunidades e justiça

A imagem mostra uma sala de audiências. Há várias pessoas sentadas em cadeiras dispostas em fileiras, voltadas para uma bancada elevada onde estão sentados vários indivíduos. Na parede atrás da bancada, há um crucifixo e duas bandeiras, uma do Brasil e outra que parece ser de um estado ou município. As pessoas na bancada estão usando trajes formais, e há monitores de computador à sua frente. A sala tem um acabamento em madeira e mármore, com um ambiente formal e institucional

Nessa segunda-feira, 11 de novembro, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) promoveu mais um dos eventos que compõem o 1º Circuito Equidade Racial em comemoração do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro.

Com palestras da ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Edilene Lôbo; da presidente do Comitê de Equidade Racial (Coer-JF1), desembargadora federal Ana Carolina Roman; e do secretário-geral do Conselho da Justiça Federal (CJF) juiz federal Erivaldo Ribeiro dos Santos, a tarde dedicada ao Circuito trouxe reflexão sobre a pauta do combate ao racismo e à discriminação e da busca por igualdade de oportunidades e justiça.

Os palestrantes compuseram a mesa de honra ao lado do presidente do TRF1, desembargador federal João Batista Moreira; e da vice-presidente do TRF1, desembargadora federal Gilda Sigmaringa Seixas




Também participaram da cerimônia a desembargadora federal Candice Lavocat Galvão Jobim; os desembargadores federais Eduardo Martins, Rui Gonçalves e Carlos Pires Brandão; além das juízas federais Clara Mota, Mara Lina do Carmo e Rosimayre Gonçalves de Carvalho.

A solenidade foi aberta com o poema “Ninguém me achata”, de Cristina Guilherme, declamado pela própria poetisa. Entre os trechos que destacam a profundidade do tema do evento, estão:

“...Aqui, onde toda luta terminava em servidão.

O aqui, fim dos reis e rainhas núbios.

A este chão de América, banhado em sangue escuro,

é que os meus foram trazidos.

Para maldizerem sua cor e sua história;

Para lutar guerras dos outros.

Para culminar derrotas e vexames.

Os meus foram trazidos até aqui...e aqui estou.

Aqui, onde a cultura não é minha

As letras e o conhecimento não são meus

A beleza não é minha e nem é meu o futuro.

Nada aqui é pra mim, nem me espelha.

Os meus foram aqui trazidos e anulados...”

Cristina é brasiliense e se apresenta como mulher preta e periférica. Ela escreve contos e poesias desde a infância, é membro do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal, da Academia Aguaslindense de Letras, e dos coletivos “Pretas que escrevem no DF” e “Mulherio das Letras no DF”.

Comitê de Equidade Racial da JF1

Com a palavra, a presidente do Coer-JF1, desembargadora federal Ana Carolina Roman falou aos presentes que, apesar de ser recente a existência do Comitê, é efetivo o enfrentamento dos desafios de promover um ambiente equitativo.

Ela ressaltou a importância do estabelecimento de todas as políticas que visam concretizar a justiça para todas as pessoas independentemente de raça, cor, orientação sexual etc. “O Coer tem diálogo frequente para formar rede de apoio que contribua com um ambiente inclusivo e respeitoso”, afirmou a desembargadora.

Equidade Racial no Poder Judiciário

A segunda palestra foi ministrada pelo secretário-geral do CJF, juiz federal Erivaldo Ribeiro dos Santos, que apresentou para os participantes os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que afirmam: 73% dos habitantes de favelas no Brasil são pessoas pretas e pardas.

O magistrado destacou que supõe ter sido o primeiro negro a compor a Justiça Federal da 4ª Região e que, passados 30 anos, não houve mudanças significativas sobre essa representatividade. “Todos os lugares podem ser ocupados por pessoas negras”, reafirmou o juiz.

O magistrado alertou que o “racismo, muitas vezes, é praticado de forma sutil e sorrateira” e, por isso, ressaltou a importância da representatividade de pretos e pardos no Judiciário. E exemplificou que enfrentar o racismo num julgamento penal, por exemplo, demandaria a profunda compreensão sobre esse crime.

Para o juiz federal, a pauta da equidade racial é sobre o amor entre todas as pessoas. Em sua última fala, citou a frase célebre de Nelson Mandela: “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar”.

Para além de novembro: a construção da consciência negra na ocupação dos espaços decisórios

A conferência magna da tarde de palestras foi proferida pela ministra do TSE, Edilene Lôbo, que iniciou a explanação lembrando a todas as pessoas presentes que “é muito importante haver a data que simboliza a consciência negra em novembro, mas é preciso tratar sobre o tema durante todo o ano”.

A palestrante propôs reflexão sobre a vida no século 21, em que “a despeito da promessa do mundo novo, continuamos num mundo racista”, afirmou. Nesse contexto, a ministra lembrou que o Brasil é a 8.ª economia do planeta, mas que ainda existem muitas pessoas pobres. “Não pode ser adequado que a maioria esteja excluída da riqueza da 8.ª economia mundial”, observou.

A ministra salientou que a sociedade está muito atrasada com relação à dignidade que todos merecem. Para ela, sem as políticas inclusivas estaríamos ainda mais distantes da promoção de boas oportunidades e condições de igualdade. E disse: “equidade é outra palavra para justiça”.

Nessa perspectiva, a magistrada ressaltou que é preciso falar sobre as democracias econômica e política e que o crescimento da participação de mulheres negras na disputa pelos cargos eletivos, numa comparação dos pleitos de 2020 e 2024, foi irrisória, segundo informou.

Sobre a defesa dos aspectos que envolvem a luta pela equidade racial, a promoção e o respeito às políticas inclusivas que buscam tornar real a igualdade e a dignidade de todas e todos, a ministra afirmou que “não é uma tarefa só do Poder Executivo, mas de todos os órgãos públicos e, também, da iniciativa privada”.

O 1º Circuito Equidade Racial continua no TRF1, confira a programação:

Dia 18 de novembro – 14h

  • Exibição do documentário “Filhas de Lavadeiras” e roda de conversa com a cineasta Edileuza Penha de Souza. Participação da juíza federal Mara Lina do Carmo, membro do Coer-JF1; do juiz federal Eduardo Pereira; e da servidora do TRF1 Andrea Leão.

Dia 20 de novembro

  • Divulgação de material sobre o dia consciência negra na página do Pacto da Equidade Racial, no site do TRF e no perfil do Instagram

Durante todo mês de novembro

  • Divulgação de informações culturais relacionadas à celebração do mês da consciência negra e a temas ligados a questões raciais, no Instagram e na página do Pacto pela Equidade Racial/TRF1.

AN

Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1ª Região


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