Desafios e perspectivas das mulheres na contemporaneidade
Os pontos essenciais da palestra da ministra Maria Elizeth Rocha abordaram:
– As origens do patriarcado (entendida como a forma de organização social em que predomina a autoridade paterna/masculina) e suas consequências na estigmatização (processo que atribui características negativas a determinado grupo social) das mulheres;
– A evolução dos conceitos de igualdade entre os sexos para a igualdade de gênero e a importância das interseccionalidades (conceito que descreve diferentes formas de discriminação baseadas em gênero, raça, classe social, orientação sexual e outras, criando experiências de marginalização e privilégios);
– A exploração do pós-feminismo e as novas e complexas abordagens sobre a identidade de gênero que ultrapassam ou mesmo relativizam as questões biológicas;
– A relação entre liberdade, diversidade e tolerância na construção de uma sociedade democrática.
Todos esses pontos, trabalhados dentro da temática principal dos desafios e perspectivas na contemporaneidade, levaram a ministra a reforçar a necessidade de se construir uma sociedade em se reconheça e se respeite as diferenças, combatendo o patriarcado e todas as formas de dominação dele decorrentes, tanto na vida pública quanto na vida privada.
“O que está em jogo, ao fim e ao cabo, é a distribuição igualitária da vida, a partir dos marcadores biológicos/sociais que formam a identidade. E, deste modo, não se pode compreender o indivíduo fora da cultura e não se pode compreender a cultura fora dos domínios da vida social, que abarca as diferenças percebidas e hierarquizadas, as diferenças apreendidas e significadas”, disse a ministra Maria Elizeth Rocha.
Para a palestrante, é a cultura que faz o destino e se torna a responsável pelas desigualdades persistentes e reprodutoras das dessemelhanças e das disparidades. Por isso, entende que os impactos culturais do patriarcado foram responsáveis por separar o público e o privado, demarcando a área de atuação das mulheres somente aos valores domésticos e às necessidades familiares. Em sua visão, essa cultura trouxe, como consequência do afastamento proposital das mulheres, a legitimação do espaço público centrada nos homens para as necessidades comunitárias.
“Por isso é fundamental o reposicionamento feminino no âmbito coletivo mais visível e importante. Independentemente de hoje nós mulheres trabalharmos em lugares relevantes fora do lar, ainda são flagrantes os desequilíbrios salariais e a redução de acesso a determinados cargos em comparação aos homens. É preciso estarmos atentas para combatermos a prevalência do patriarcado paternalista cuja premissa sustenta-se nos mais velhos governarem os mais jovens e sobretudo nos homens governarem as mulheres, e que se perpetua até a atualidade”, pontuou a ministra.