Dignidade
O tema escolhido tem tudo a ver com a garantia da cidadania. Quem falou sobre isso foi o presidente da Reint1, desembargador federal Carlos Augusto Pires Brandão, na abertura do encontro. Ele destacou que o objetivo era proporcionar a sensibilização ao desafio estatal e comunitário de lidar com as pessoas em situação de rua. “Cabe ao Judiciário garantir a estruturação de espaços de diálogos institucionais, de modo que se permita a compreensão do tema, das questões envolvidas em sua complexidade, com vistas a que se permita o desenvolvimento de respostas multi-institucionais que possam estabelecer condições mínimas de dignidade, com a implementações de ações efetivas”, afirmou Brandão. “O Judiciário tem uma força simbólica e conceitual para criar esses espaços da fraternidade”, acrescentou.
Os mutirões, lembrou, são oportunidades ímpares de sensibilização por aproximarem os juízes da dura realidade da população em situação de rua, que difere do dia a dia nas salas da Justiça Federal.
Nesse sentido, a coordenadora executiva desse primeiro encontro de 2024, juíza federal Clara da Mota Santos Pimenta Alves, explicou a motivação em promover uma conversa bastante prática sobre a organização dos fluxos de trabalho nesses itinerantes. “A ideia é fomentar os mutirões nas seções e subseções em que eles ainda não ocorreram”, explicou a juíza.
A primeira das participações foi do juiz federal Convocado do TRF5 Marcos Mairton, que apresentou um cordel de sua autoria sobre as pessoas em situação de rua e interpretou a canção “Admirável gado novo”, do compositor Zé Ramalho. O coordenador da Reint1 frisou a importância da arte no encontro promovido. “A arte não só permite a sensibilização, mas é, de fato, uma das formas de crítica sociais mais contundentes, que faz aflorar a consciência”, afirmou.
Em seguida, a juíza do TJDFT Luciana Yuki Fugishita Sorrentino abordou o histórico das edições do PopRuaJud no Distrito Federal desde a Resolução CNJ 425/202. Durante suas falas, compartilhou dados sobre a quantidade de pessoas atendidas nos últimos anos e os tipos de serviços utilizados durante os mutirões, destacando o papel das parcerias interinstitucionais e a participação voluntária de magistrados, servidores e estudantes de diversas áreas, como direito e medicina veterinária, para ampliar os serviços oferecidos durante os mutirões.
Para ela, essa colaboração tem sido fundamental para atender às demandas variadas da população em situação de rua, que muitas vezes necessita de assistência jurídica, acesso a documentos, saúde, higiene e até mesmo cuidados com seus animais de estimação.
A juíza também apontou alguns desafios enfrentados durante a realização dos mutirões e ressaltou a importância de se pensar além dos mutirões e buscar soluções estruturais para as necessidades dessa população. Essas soluções incluiriam questões de infraestrutura nos tribunais e garantia de acesso aos serviços básicos.