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19/11/2024 17:30 - INSTITUCIONAL

1º Circuito Equidade Racial do TRF1 exibe o documentário “Filhas de Lavadeiras”

A imagem é de uma sala de auditório em que há uma plateia formada por um grupo heterogêneo de pessoas: mulheres, homens, adultos e jovens estudantes.

O filme brasiliense “Filhas de Lavadeiras”, que recebeu o título de melhor curta-documentário no 20º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em 2021, foi exibido nessa segunda-feira, 18 de novembro, no Plenarinho do Edifício-Sede 3 do TRF1, em Brasília/DF. O evento fez parte da agenda do 1º Circuito Equidade Racial que celebra o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.

Após a exibição do documentário, a cineasta Edileuza Penha de Souza participou de uma roda de conversa com a juíza federal Mara Lina do Carmo, (coordenadora do Comitê de Equidade Racial da JF1/Coer-JF1), com o juiz federal Eduardo Pereira (coordenador adjunto do Coer-JF1) e com a servidora do TRF1 Andrea Leão (secretária do Coer-JF1), além da plateia que também pôde fazer perguntas para Edileuza.  

A juíza Mara Lina fez a abertura do evento e ressaltou a importância do mês dedicado à Consciência Negra. “Celebrar essa data no ambiente de trabalho é um passo essencial em direção a uma cultura organizacional mais inclusiva e respeitosa". A magistrada também deu as boas-vindas aos estudantes de uma escola pública de idiomas, de Ceilândia/DF, e de outras escolas particulares que foram convidadas.  

Sobre a temática do documentário, o juiz federal Eduardo Pereira, coordenador adjunto do Coer-JF1, afirmou que algumas categorias profissionais ainda são exploradas. “O filme representa o desejo dessas mulheres romperem o ciclo que as submeteu a jornadas de trabalho exaustivas e à baixa remuneração. Ainda há um longo caminho de luta na busca por justiça social”, disse o magistrado.

Com a palavra, a cineasta Edileuza de Souza, que também é filha de lavadeira, contou que a inspiração para o documentário surgiu a partir da leitura do livro, de mesmo nome, escrito por Maria Helena Vargas da Silveira, primeira mulher negra a pertencer à Academia Pelotense de Letras, em Pelotas/RS.


Edileuza explicou que “Filhas de Lavadeiras” foi gravado no Rio de Janeiro e no Distrito Federal e que, além das personalidades célebres que participam do elenco do documentário, como a atriz Ruth de Souza (in memoriam), primeira atriz negra a protagonizar uma telenovela; a deputada federal Benedita da Silva; e a premiada linguista e escritora Conceição Evaristo, também são contadas as histórias de mulheres negras anônimas que compõem a película e dão dimensão à proposta por abranger e representar toda a sociedade. “Achei muito importante colocar pessoas anônimas entre as personalidades conhecidas, queria que elas vissem o filme pronto e sentissem orgulho”, disse a cineasta.

Filhas de Lavadeiras

As filhas de lavadeiras que narram as próprias histórias no filme são mulheres pretas que, graças ao trabalho árduo de suas mães e o incentivo para que trilhassem outro caminho por meio dos estudos, puderam frequentar a escola. Hoje, elas são servidoras públicas, professoras, gestoras empresariais, pedagogas, administradoras, entre outras profissões que representam as próprias conquistas e a realização do sonho de suas mães, que desejavam para as filhas destino diferente do que tiveram, com educação e realização profissional.

Eleito o melhor filme pelo Grande Prêmio do Cinema Brasileiro em 2021, alguns trechos representam a potência do documentário “Filhas de Lavadeiras” e simbolizam o sentimento dessas mães com relatos como: “podia haver a dificuldade que fosse, em fevereiro eu estava com todo o meu material escolar completo”; “minha mãe falou para a patroa dela que a empregada da casa era ela e não eu”; “minha mãe não me deixou trabalhar, queria que eu apenas estudasse”.

O curta também conta a história de uma jovem estudante, filha de empregada doméstica, que ingressou na Universidade de Brasília (UnB) e que não se esquece de ter tido acesso à literatura por meio dos livros que sua mãe emprestava da casa de seus empregadores. “Eu li Capitães de Areia, de Jorge Amado, e muitos outros porque minha mãe trazia da casa em que trabalhava”, diz a jovem do elenco, no filme. A conquista da filha incentivou a mãe, que também ingressou no Ensino Superior e pode contar com apoio da filha para estudar.

Expectativas

Edileuza de Souza acredita que “ainda há muita esperança de que a justiça social permita a ascensão não só das filhas, mas também dessas mães. Uma sobe e puxa a outra”, disse a cineasta. Nesse contexto, ela lembra da importância do sistema de cotas raciais. “Olhar para o lado e ver outras pessoas negras ocupando o mesmo espaço que você. Existe uma dívida histórica do Estado brasileiro para com o povo negro e dívidas devem ser pagas”, afirmou Edileuza.




Para além do reconhecimento e das premiações que “Filhas de Lavadeiras” conquistou, como a 25ª edição do Festival É Tudo Verdade – um dos eventos mais importantes para o cinema documental da América Latina, a cineasta espera que o filme, lançado em 2019, “seja visto e que possa tocar as pessoas. Estou falando das filhas, mas é uma homenagem às mães”, disse Edileuza. Atualmente, o curta é exibido pelo Canal Brasil, televisão por assinatura, com programação destinada a produções audiovisuais nacionais.

Edileuza Penha de Souza é doutora em Educação pela Universidade de Brasília (UnB), mestre em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), graduada em História pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Desde 2006, desenvolve pesquisas na área de cinema, gênero e raça. Trabalha com Educação atuando nos temas: Educação Escolar Quilombolas; Arte e cinema africano e diaspórico; Cinema e cineastas negras; e Educação das relações étnico raciais.

AN
Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1ª Região 


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