Visando incentivar os cuidados com a saúde masculina, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) realizou nessa quinta-feira, dia 22 de novembro, a palestra on-line “Não faça parte das estatísticas: cuide da sua saúde!”, com o médico urologista Glauco Guedes.
A iniciativa foi promovida pelo Setor de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho (Setvid/Nusao/Coasa/Secbe) do Tribunal em alusão à campanha Novembro Azul. Como em uma conversa informal, o especialista em saúde masculina respondeu perguntas dos participantes sobre assuntos como câncer de próstata e testículo; prevenção; histórico familiar e rastreamento; reposição hormonal x câncer; e ejaculação precoce e disfunção erétil, entre outros.
Segundo o urologista Glauco Guedes, atualmente, os tumores da próstata são a segunda maior causa de câncer entre os homens no Brasil e, segundo o médico, no triênio 2023 a 2025, “nós teremos aproximadamente 70 mil novos casos de câncer da próstata”, alertou.
Conforme explicou o doutor Glauco, a próstata é uma glândula que está localizada na pelve, entre a bexiga e a uretra, e tem uma função muito simples, mas muito importante, que é a produção de determinadas substâncias que irão estimular a reprodução.
O urologista destacou que o câncer da próstata é muito frequente a partir dos 50 anos, com uma incidência maior em homens sedentários, diagnosticados com obesidade e também em homens negros. Diante dessas estatísticas, o médico alertou que os exames que podem detectar a doença devam ser feitos em todos os homens a partir dos 50 anos e, em caso de histórico familiar de câncer da próstata ou da mama (em mulheres ou homens), a partir dos 45 anos. “O câncer da próstata, no estágio inicial, não apresenta nenhum sintoma, então, é fundamental que os homens façam essa avaliação anualmente”, afirmou Glauco.
Já em relação ao câncer de testículo, o médico destacou que não possui relação direta com o da próstata – porém, o órgão dever ser avaliado igualmente em uma consulta urológica, inclusive quanto ao histórico familiar.
Prevenção: avaliação anual
Segundo contou o urologista, apesar de os números indicarem que os homens vêm se cuidando cada vez mais e melhor, principalmente por influência das mulheres, a divulgação da prevenção continua sendo muito importante.
Ainda nesse sentido, o médico explicou que também é importante observar alguns sintomas que podem indicar problemas com a próstata como dificuldade para urinar, aumento da frequência urinária durante o dia e acordar várias vezes durante a noite, sensação de bexiga cheia, episódios de infecção urinária, sangramento e obstruções (casos em que a próstata cresce e que o homem não consegue urinar).
“Em relação especificamente à próstata, nós temos que fazer as avaliações periodicamente porque os cânceres da próstata, de uma forma geral, podem não apresentar nenhum sintoma. Então nós temos que ir para a consulta para que a prevenção seja feita”, contou Glauco.
Já no que se refere à idade ideal para começar a se consultar com um urologista, Glauco ressaltou que isso deve ser feito ainda na adolescência, a partir dos 12 anos, quando acontece o estirão hormonal, e quando serão avaliados os testículos e suas possíveis disfunções ou tumores, que neste caso especificamente, costumam ter uma incidência maior em pessoas mais jovens ao contrário do que acontece na próstata.
PSA, exame do toque e disfunção erétil
Mesmo com toda tecnologia disponível para identificar e diagnosticar os cânceres da próstata, além dos mitos que se formaram em relação ao exame de toque retal, o médico urologista explicou que o exame PSA (Antígeno Específico da Próstata, com a siga em inglês) e o exame de toque são, ainda, os melhores disponíveis.
Nesse sentido, o médico explicou: “são exames que confirmam o diagnóstico e separam aqueles homens que irão fazer biópsia, porque estão com PSA alterado e com o toque suspeito, daqueles que precisarão apenas de acompanhamento”.
E por falar nisso, o urologista explicou que o PSA deve ser sempre acompanhado do exame de toque, visto que “o PSA isoladamente deixa uma margem elevada da possibilidade de se ter câncer na próstata e, justamente por isso, é fundamental o toque associado”.
Uma vez identificado o câncer da próstata, o tumor passa pelo processo de estadiamento, quando é identificado em qual fase ele se encontra (se é inicial ou já evoluiu para uma metástase, por exemplo) e, em seguida, é indicada a melhor conduta terapêutica para o paciente.
“Quando você fala em câncer da próstata para um homem e que ele vai ter que ser submetido a uma cirurgia, por exemplo, a primeira coisa que ele pensa é na sua virilidade. A curabilidade não é o primeiro aspecto que aquele homem pensa naquele momento”, contou Glauco.
Para sanar as dúvidas acerca da disfunção erétil que, em muitos casos, tem características psicossomáticas, e da ejaculação em homens que tiveram ou têm câncer de próstata, o médico explicou que “o fato de você ter um câncer na próstata não significa que vai evoluir para uma disfunção erétil”.
Nos casos identificados como benignos, em que são necessárias cirurgias minimamente invasivas, não há o comprometimento da função erétil e da ejaculação, contou Glauco. Já nos casos mais complexos, em que o tumor é considerado maligno, ele afirmou que a tecnologia envolvida nas cirurgias, como a robótica, por exemplo, evoluiu bastante para minimizar as chances de sequelas.
Andropausa e reposição hormonal
O homem, assim como a mulher, passa por um período de redução das taxas hormonais, principalmente da testosterona, principal hormônio masculino, em que os sintomas mais comuns são a perda de memória, da velocidade de raciocínio, da libido e de massa magra, assim como dificuldades de cognição e ganho de gordura corporal, entre outros.
Nesse período, conhecido como andropausa, em alguns casos a reposição hormonal é indicada. Para isso é preciso avaliar “os sintomas relatados associados a uma análise laboratorial, para identificar os baixos níveis hormonais”, orientou.
Ainda segundo o urologista, essa reposição não está relacionada ao aumento das chances de se ter câncer de próstata e pode ser feita de diversas maneiras, inclusive, há a opção de não se repor a testosterona. Além disso, a decisão de se fazer ou não a reposição hormonal, no caso dos homens, é ainda associada a outros fatores como a avaliação da alimentação, da realização de atividades físicas e do sono de cada paciente.
“O câncer da próstata é uma doença que não apresenta sintomas e, se detectado em uma fase inicial, há grandes possibilidade de cura. O câncer da próstata só dá uma oportunidade para o homem, que é a chance de ser diagnosticado em uma fase precoce, quando você tem altíssima tecnologia para a cura. Faça a sua avaliação anual e estimule os seus familiares a fazerem!”.
Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1ª Região