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04/11/2024 09:55 - INSTITUCIONAL

Primeira edição da Campanha Justiça Rosa alcança resultados expressivos na 1ª Região

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) divulgou os resultados da Campanha “Justiça Rosa”, na última quarta-feira, dia 30 de outubro, em reunião transmitida no aplicativo Teams. A primeira edição da campanha priorizou a resolução consensual de conflitos envolvendo temas de interesse das mulheres durante o mês de outubro. Nesse período foram realizadas 1.714 audiências na 1ª Região, que resultaram em 1.001 acordos e movimentaram mais de R$ 10,3 milhões.

Idealizada pelo coordenador do Sistema de conciliação da Justiça Federal da 1ª Região (SistCon), desembargador federal Carlos Pires Brandão, a ação é organizada pela presidente da Comissão de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, do Assédio Sexual e da Discriminação, desembargadora federal Ana Carolina Roman, que abriu o encontro.

Na ocasião, a desembargadora fez uma breve apresentação do projeto Justiça Rosa “que busca empoderar as mulheres por meio da priorização da mediação e conciliação em seus processos e, também, visa promover a equidade de gênero, garantindo que elas tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade e oportunidades iguais”, e trouxe os dados dos trabalhos realizados durante o mês de outubro, nas Seções Judiciárias do Acre, de Goiás, da Bahia, do Amapá, do Maranhão e do Distrito Federal.

Realizada em referência ao “Outubro Rosa”, de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, a ação focou especialmente nas áreas de saúde, de modo a reforçar o compromisso da Justiça Federal com a rapidez, a igualdade e a promoção dos direitos fundamentais.

Segundo a desembargadora Ana Carolina, para colocar o projeto em prática, o SistCon e as Seções Judiciárias realizaram uma triagem dos processos que tinham mulheres como parte autora, priorizando as questões que seriam mais urgentes para elas e suas famílias como pensão por morte e salário-maternidade, por exemplo.

A partir da identificação desses conflitos, os casos foram encaminhados para sessões de mediação e conciliação “visando construir soluções que atendessem aos interesses das partes, gerando acordos justos e benéficos para as mulheres envolvidas”, explicou a magistrada.

Sobre o Programa

O Programa Justiça Rosa conta com uma equipe multidisciplinar de juízes, assistentes sociais e mediadores, que proporciona uma abordagem holística na resolução de conflitos, incentivando a resolução consensual, com atendimento acolhedor e empático e que prioriza o bem-estar e a autonomia das partes envolvidas.

Na Seção Judiciária do Distrito Federal (SJDF), por exemplo, foram finalizadas as tratativas de um procedimento restaurativo que culminou em acordo, em um processo que envolvia a reparação civil por estupro ocorrido em órgão público federal, contou a coordenadora do Centro Judiciário de Conciliação (Cejuc-DF), juíza federal Rosimeyre Gonçalves de Carvalho.

Outras ações que foram realizadas no centro de conciliação durante esse período foram as retomadas de tratativas em processos que tratam de propriedade intelectual/patente e 49 audiências em processos que tratam de danos morais e materiais da Caixa e Correios, além de cobrança de anuidades de Conselhos, que movimentaram aproximadamente R$ 350 mil.

Houve ainda visitas técnicas relativas a conflitos fundiários nos acampamentos rurais Canaã (Goiânia) e Sálvia (DF); uma roda de conversa sobre produção agroflorestal sustentável liderada por mulheres; o encontro Círculo de Construção da Paz, prática restaurativa utilizada para promover o diálogo e a resolução de conflitos de maneira colaborativa; e o Workshop de Escuta Ativa na SJDF.

Para a juíza federal, a campanha envolve a temática do Outubro Rosa, mas também a liberdade de pensamento e de ação. Parafraseando a escritora moçambicana Paulina Chiziane, a juíza federal afirmou que na SJDF, entre os processos selecionados, foram priorizados aqueles que envolviam as famílias das mulheres, pois “quando você educa uma mulher, você educa uma família”.

Perspectivas de gênero

A juíza federal em auxílio à Presidência do TRF1, Clara da Mota, participou do encontro, trazendo uma perspectiva ampla da importância do projeto, considerando as dificuldades que as mulheres têm para acessar a Justiça no Brasil. Para isso, a magistrada mostrou dados de acesso à Justiça no país e sobre como o gênero impacta a jurisdição federal.

Para a juíza, acessar a Justiça é muito mais do que conseguir chegar às portas do Judiciário e, nessa perspectiva, a Campanha Justiça Rosa oferece diferentes caminhos de acesso efetivo como a Conciliação e a Justiça Restaurativa.

Nesse mesmo contexto, Clara da Mota destacou os procedimentos e julgamentos com perspectiva de gênero que envolvem o atendimento à mulher na Justiça, entre eles como conduzir as audiências; como receber as mulheres nas dependências, que muitas vezes são lactantes e gestantes. “Isso envolve um paradigma de justiça procedimental, a exemplo do pedido da Ordem dos Advogados do Brasil para que seja respeitada a preferência das mulheres advogadas nas sustentações orais e que foi regulamentado recentemente no TRF1”, explicou.

“A Campanha Justiça Rosa nos exorta a ver, tanto a entrada dessas mulheres em juízo quanto o durante, sobre o tratamento humano que devemos dá-las, mas acima de tudo nos desafia a dar soluções justas e rápidas, de ponta a ponta para esses litígios”, afirmou Clara da Mota.

Próximos passos

Ao final da sua apresentação, a desembargadora Ana Carolina falou sobre os próximos passos do Programa Justiça Rosa na 1ª Região, que prevê sua expansão e consolidação como prática integrante do calendário de atividades de toda Justiça Federal da 1ª Região; o aprimoramento contínuo dos procedimentos e técnicas de resolução consensual de conflitos com base na experiência adquirida; e a capacitação de magistrados e servidores, bem como a divulgação das melhores práticas desenvolvidas no programa.

Para o coordenador do SistCon, desembargador Carlos Pires Brandão, a Campanha Justiça Rosa também é uma oportunidade para se debater meios e procedimentos de atendimentos com perspectivas de gênero. “Esse olhar para as dificuldades de acesso à Justiça pela mulher só as mulheres têm”, afirmou.

Nesse sentido, o magistrado propôs, ainda, a edição de notas técnicas sobre o tema, que serão analisadas futuramente na Rede de Inteligência e Inovação da 1ª Região.

RF

Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1ª Região


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