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04/03/2024 09:51 - INSTITUCIONAL

Rede de Inteligência da 1ª Região discute soluções para os conflitos de saúde no Judiciário

Como aprimorar o cumprimento adequado das decisões judiciais nas demandas de Saúde? Esse foi o questionamento que guiou as discussões da 2ª Reunião da Rede de Inteligência da 1ª Região (Reint1) em 2024, ocorrida por meio de plataforma virtual no dia 27 de fevereiro.  

Quatro convidados apresentaram suas considerações sobre a questão durante o encontro: o advogado da União e coordenador regional adjunto de saúde pública da 1ª Região, Túlio Picanço Taketomi; o advogado da União e coordenador-geral jurídico da Procuradoria Regional da 1ª Região (PRU1), Luis Henrique Damasceno de Moura; a juíza federal da 14ª Vara da Seção Judiciária da Bahia, Cynthia de Araújo Lima Lopes; e a diretora do Departamento de Gestão de Demandas de Judicialização em Saúde do Ministério da Saúde, Janaína Pontes Cerqueira.  

A direção executiva desta 2ª Reunião da Reint1 em 2024 esteve sob a responsabilidade da desembargadora federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) Kátia Balbino, que destacou a relevância do tema ressaltando que os valores gastos com a judicialização na esfera federal são inclusive maiores que os despendidos entre outras esferas do Judiciário como a distrital e estadual.  

O objetivo do encontro, lembrou a Kátia Balbino, era ouvir parte daquelas fontes diretamente relacionadas à prestação de saúde, como a Advocacia-Geral da União e o Ministério da Saúde. Isso porque diversos temas ainda são desafiadores do ponto de vista de prestação jurisdicional, como a questão da competência, do ressarcimento, entre outras.  

Entre outros aspectos, a desembargadora federal Kátia Balbino destacou a Recomendação 146/2023 como obrigatória para todos os magistrados que lidam com as ações de saúde. “Ela precisa ser lida para que se tenha o espaço de diálogo” argumentou a desembargadora federal, destacando que a discussão entre todos os envolvidos é fundamental para garantir a efetividade das decisões judiciais e, igualmente importante, a necessidade de dar decisões judiciais que sejam válidas, ou seja, passíveis de serem cumpridas.  

Na abertura da reunião, o coordenador da Reint1, desembargador federal Carlos Augusto Pires Brandão, ressaltou a importância da coordenação executiva da magistrada Kátia Balbino em torno do tema, em razão da sua experiência em vara especializada de saúde e engajamento no tema. 

Ao longo do encontro, um ponto significativo foi muito ressaltado nos debates: a necessidade de clareza nas informações relativas aos processos envolvendo fornecimento de medicamentos ou prestação de serviços de saúde. O estabelecimento de fluxos claros e o julgamento do Tema 1234 no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) também foram outros destaques das discussões.  

Desafios – Primeiro a falar, o advogado da União e coordenador regional adjunto de saúde pública da 1ª Região, Tulio Picanco Taketomi, apontou inúmeros desafios relativos à judicialização da saúde, tanto sob o aspecto do impacto orçamentário quanto o desafio para a 1ª Região relativo ao foro nacional do Distrito Federal (DF), que pode centralizar muitas dessas causas no âmbito do TRF1.  

Tulio Picanco Taketomi também esclareceu pontos presentes muitas vezes nas contestações da Advocacia-Geral da União, principalmente relativas à necessária distinção entre determinado medicamento incorporado ou não; ao parecer de comitês responsáveis; ao grupo de financiamento do medicamento pleiteado; e a identificação do responsável pela compra, centralização, dispensa e distribuição.  

Por fim, destacou o processo necessário de evolução para tentar facilitar o acesso a essas informações essenciais para bom andamento das demandas. “Temos buscado aperfeiçoar a nossa atuação a conseguir diferenciar aquelas demandas que realmente tratam de uma falha da política pública”, acentuou. 

Criar caminhos – Em seguida à apresentação do advogado da União Tulio Picanco Taketomi, a diretora do Departamento de Gestão de Demandas de Judicialização em Saúde do Ministério da Saúde, Janaína Pontes Cerqueira, deu detalhes sobre a estrutura do Ministério da Saúde para lidar, especificamente, com as demandas relacionadas às determinações judiciais.  

Falou sobre o empenho no cumprimento das decisões judiciais, mas também destacou as dificuldades concernentes ao cumprimento de sentenças que muitas vezes se tornam impossíveis de realizar, especialmente em se tratando de curtos prazos e medicamentos importados ou que não integrem a política nacional ou estejam contempladas nos normativos do País.  

Sobre a Recomendação 146/2023, Janaína Pontes Cerqueira reiterou a validade do documento, fruto de um processo amadurecido de discussões para trazer mais segurança jurídica e sanitária, refletindo o diagnóstico das situações já existentes.  

Em sua fala, a diretora do departamento de judicialização do Ministério da Saúde destacou também o esforço do órgão em garantir a entrega do medicamento, em detrimento ao depósito para o demandante, questão também apontada na recomendação 146/2023. Um dos aspectos que ressaltou em relação a esse ponto diz respeito ao próprio desafio de adquirir determinados medicamentos, que muitas vezes não se mostra fácil nem para o órgão da união nem para os cidadãos.  

“A gente vê essas questões que se desdobram em muitas complexidades, mas sempre tem que voltar para as duas fontes: racionalizar o que está dentro da política e criar caminhos mais claros racionais, seguros e de compreensão para o magistrado”, afirmou Janaína Cerqueira.  

Também da Advocacia-Geral da União e responsável pela coordenação jurídica geral da Procuradoria Regional da 1ª Região, Luis Henrique Damasceno de Moura falou sobre a possibilidade de se estabelecer um fluxo aplicável à administração federal sem depender dos resultados de outros grupos de trabalho. 

Pontuou ainda a busca por criar contestações e peças mais claras e didáticas, que tragam facilmente aos magistrados aquelas informações mais relevantes para que ele possa tomar uma decisão. “É de nosso total interesse participar nessa troca de informações e intercâmbio para que a prestação se dê da melhor forma possível”, afirmou Luis Henrique Moura. 

Por fim, a juíza federal Cynthia de Araújo Lima Lopes, hoje atuando na condição de magistrada na Bahia, abordou algumas das angústias dos magistrados referentes aos processos de judicialização da saúde e fez vários apontamentos sobre a Recomendação 146/2023 do CNJ.  

Em relação à questão dos prazos, por exemplo, a magistrada ressaltou que é necessário ao juiz ver não apenas o lado do demandante, mas também analisar as condições de exequibilidade da decisão por parte dos responsáveis para de fato poder fixar prazos razoáveis, que possam ser efetivos. Do contrário, a decisão muitas vezes não é cumprida.  

Em detalhes, ela analisou diversos pontos da recomendação, entre eles a questão do depósito; da paridade do ressarcimento do serviço de saúde; do sequestro ou bloqueio de bens, em especial no caso do sequestro ou bloqueio de bens dos servidores públicos; prestação de contas quando é feito o depósito para o demandante; monitoramento dos resultados e abandono no tratamento.  

“Eu gostaria de destacar da recomendação, louvando a ponderação dela, a importância de ter, a partir de agora, um instrumento que dá um respaldo e uma legitimidade maior [as decisões]”, concluiu a magistrada.  

A íntegra dos debates segue disponível para acesso dos servidores e magistrados interessados no canal da Reint1 no Teams.  

Marcaram presença no último encontro também os desembargadores federais do TRF1 Néviton Guedes e Ana Carolina Roman.  

AL 

Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1ª Região 


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