A última roda de conversa do projeto “Cuidando do Cuidador” ocorreu nessa quarta-feira, dia 11 de dezembro, no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). Com o tema “O Coletivo Filhas da Mãe e a Sociedade do Cuidado - Os Desafios de uma Sociedade do Cuidado frente ao envelhecimento populacional”, a palestra foi ministrada pela psicanalista Cosette Castro.
Com o objetivo de apoiar servidoras, servidores e demais colaboradoras e colaboradores que desempenham o papel de cuidadores de seus familiares, sejam eles idosos ou pessoas com deficiência, o encontro foi transmitido pela plataforma Microsoft Teams e abordou a disponibilização de informações para melhorar a qualidade de vida dos pacientes; o cuidado e a prevenção coletiva e a promoção do autocuidado de cuidadores de família.
O evento foi aberto pelas servidoras Aline Maria Lima Sá, responsável pelo Setor de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho (Setvid) e mediadora do evento, e Beatriz Rodovalho Amaral, assistente social do TRF1 e integrante da equipe do Setor de Serviço Social (Setsoc), que realizou a introdução do tema da palestra.
A psicanalista Cosette Castro iniciou a palestra apresentando aos participantes a reflexão sobre quem cuida de quem cuida. A abordagem é fruto da experiência que a palestrante vivencia em seu projeto, o “Coletivo Filhas da Mãe”.
Cosette defendeu o cuidado como direito humano. Ela explicou que é necessário fomentar a consciência de que o direito ao autocuidado, sob a perspectiva do cuidador, não deve despertar o sentimento de culpa, que é bastante comum, segundo a especialista.
Para a palestrante, existem necessidades de quem cuida que devem ser atendidas, como o direito à informação – “já que grande parte das cuidadoras e cuidadores têm baixa escolaridade e pouco acesso”, afirmou –, a corresponsabilidade familiar, comunitária e governamental e políticas nacionais que promovam esse cuidado.
Quem são as cuidadoras e os cuidadores?
Cosette alertou que o Brasil está entre os três países que envelhecem mais rapidamente no mundo e que grande parte dessas pessoas, a maioria mulheres com 60, 70 e 80 anos, seguem cuidando de alguém. Ela contou também que 55% das famílias são formadas por mães solo (solteiras, viúvas ou separadas), o que agrava a situação.
A palestrante esclareceu, ainda, que a cadeia do cuidado é, muitas vezes, transgeracional. “A mesma mulher cuida de três gerações: netos, filhos que não saíram de casa e os idosos da família”. Segundo ela, também entram na estatística cerca de 20% de adolescentes e jovens cuidadores, dos quais 64% são do sexo feminino, não estudam e atuam no mercado informal, com atividades como manicure e corte de cabelo.
Segundo a terapeuta, um relatório do estudo promovido entre 2020 e 2022 sobre pessoas idosas com demência e cuidadores no Distrito Federal apontou que 86% das mulheres cuidadoras apresentam um quadro de envelhecimento e estão empobrecidas, endividadas e esgotadas. Esse estudo foi elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) e está disponível neste link.
Para auxiliar o cuidador, a especialista ressaltou a importância de políticas públicas e, nesse sentido, informou que foi aprovada a Lei Distrital nº 6926/2021, a primeira a criar meios legais para quem precisa de cuidados e para quem cuida.
Cosette também afirmou que todas as pessoas devem buscar informação e sugeriu o Guia de Ações e Serviços para pessoas idosas com demência e cuidadores(as) no Distrito Federal.
A palestrante é psicanalista, jornalista e pesquisadora, pós-doutora em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (UnB) e doutora em Comunicação (UAB/Espanha). É uma das criadoras do Coletivo Filhas da Mãe, do bloco carnavalesco @blocofilhasdamãe e escreve para a coluna com o mesmo nome no Correio Braziliense. Além disso, também representa o Coletivo Filhas da Mãe no Fórum da Pessoa Idosa do DF.
Os vídeos das rodas de conversa que já ocorreram no projeto “Cuidando do Cuidador” estão disponíveis no canal do TRF1 no Youtube.
AN
Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1ª Região