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07/11/2024 09:57 - INSTITUCIONAL

Seminário internacional na Esmaf debate Direito Comparado Decolonial

A imagem mostra uma sala de conferência com cinco homens sentados em uma mesa comprida de madeira. Eles estão vestidos formalmente, usando ternos e gravatas. Cada um deles tem papéis e microfones à sua frente. A sala tem paredes brancas e há aparelhos de ar-condicionado no topo. Na parte inferior direita da imagem, há uma janela menor mostrando um intérprete de língua de sinais. Na parte inferior da imagem, há uma barra de controle de vídeo com um indicador de

Na tarde dessa quarta-feira, 6 de novembro, a Escola de Magistratura Federal da 1ª Região (Esmaf/TRF1) promoveu o seminário internacional “Direito Comparado Decolonial: Diálogos com a Justiça na Amazônia”. A Conferência Magna do seminário foi proferida pelo professor doutor Ralf Michaels, da Universidade de Cambridge/EUA, diretor do Max Planck Institute for Comparative and International Private Law. O evento ocorreu na sede da Esmaf, em Brasília/DF.

Confira a gravação do seminário no canal da Esmaf no YouTube.

A mesa de honra da conferência foi presidida pelo desembargador federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) Flávio Jardim e contou com a participação do diretor da Esmaf, desembargador federal Jamil Rosa de Jesus Oliveira; do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e diretor-geral da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), Benedito Gonçalves; do corregedor regional da Justiça Federal da 1ª Região, desembargador federal Ney Bello; do presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), juiz federal Caio Marinho; e do professor doutor Ralf Michaels.

Os debatedores foram o juiz federal e secretário-geral da Enfam, Ilan Presser (TRF1); o juiz federal e coordenador de Gestão e Relacionamentos Institucionais da Esmaf, Hugo Abas Frazão (TRF1); o juiz federal e coordenador-pedagógico da Esmaf, Mateus Pontalti (TRF1); e a juíza federal auxiliar do Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal (CJF), Vânila Cardoso Moraes (TRF6).

A programação foi aberta pelo diretor da Esmaf, desembargador federal Jamil Rosa de Jesus Oliveira, que falou aos presentes sobre o Direito Decolonial como defesa da valorização da pluralidade jurídica e o reconhecimento dos sistemas de justiça próprios das comunidades originárias.

“Na Amazônia, a justiça decolonial ganha relevância em razão de práticas predatórias instaladas na região, como a exploração desenfreada dos recursos naturais, especialmente da floresta e dos minérios, sem qualquer sustentabilidade, do desrespeito às terras indígenas e da violência gerada na região nessa disputa pela terra e seus recursos”, explicou o magistrado.

O ministro do STJ Benedito Gonçalves explicou os desafios da adaptação do Direito Comparado que, segundo disse, deve assimilar com respeito as formas de conhecimento que representam a realidade latino-americana. Para o magistrado, “se trouxermos essa teoria decolonial para o Direito Comparado, poderemos construir um sistema adaptado ao nosso contexto, promovendo a justiça que reconheça a diversidade e a riqueza do nosso país, valorizando nossa própria história e cultura na construção do conhecimento jurídico.”

Antes de passar a palavra para o professor da Universidade de Cambridge/EUA, Ralf Michaels, o desembargador federal Flávio Jardim afirmou que “é desafiador identificar os problemas e adotar as conclusões mais corretas sobre as causas que envolvem a Amazônia, os povos originários, a população ribeirinha, entre outras”. Nesse sentido, o magistrado afirmou que tem se preocupado em conhecer quais são os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na celebração de tratados e convenções sobre a temática.

Palestra magna

Na sequência, teve início a palestra magna do professor Ralf Michaels. Numa perspectiva decolonial, Ralf Michaels falou sobre a problemática do conceito europeu de propriedade que, além de suas raízes racistas, também se conflitua com a sustentabilidade em razão do propósito extrativista. Segundo o professor, “historicamente, o conceito de individualizar a propriedade de territórios começou quando a humanidade deixou de ser nômade e iniciou o cultivo da agricultura. Depois e, atualmente, as razões passaram a ser sobre a viabilidade financeira”.

O palestrante esclareceu que a colonialidade existe de forma política e epistemológica, e a superioridade do colonizador, que estaria propondo a modernização, ainda se perpetua nas estruturas. Para exemplificar, Michaels refletiu sobre a prevalência das leis norte-americanas sobre as sul-americanas, e da lei do Estado sobre as leis indígenas, que deveriam ser reconhecidas, defendeu.

O professor sustentou que deveria existir uma corte exclusiva para tratar as questões da Amazônia, de forma a estabelecer normativas que reconheçam as leis indígenas. “Para validarem essas leis, os indígenas dependem do reconhecimento do Estado”, afirmou. A hierarquia que, segundo o palestrante, representa uma superioridade do Estado em relação aos indígenas não é compreendida por eles, que são ocupantes originários do território.

Ralf Michaels é especialista em Direito Comparado Decolonial, conflitos regulatórios e as fundações teóricas do Direito Internacional Privado e da pluralidade jurídica global.

AN

Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1ª Região


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